As tábuas de madeira desniveladas mostram os estragos causados pela passagem dos 74 anos desde a construção do prédio do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), em Caxias do Sul. Desativado desde a década de 1980, o local deve receber ainda neste semestre as primeiras melhorias para conservação. O orçamento inicial das obras têm custo de R$ 31.858,59 aos cofres públicos.
De acordo com a Secretaria de Cultura, a empresa de Rudimar Alexandre Chaida foi contratada no início deste mês para uma manutenção preventiva no antigo casarão, que servirá para impedir o avanço da deterioração da estrutura. Para o início das obras, detalhes finais estão sendo ajustados. O imóvel, de 350 metros quadrados e dois pisos, fica junto à EPI Imigrante e foi construído na década de 1950.
Segundo Chaida, há cerca de quatro meses a empresa foi chamada para analisar a estrutura e fazer um orçamento para as melhorias no local. Durante a primeira vistoria foram encontrados pontos de vazamento no telhado, umidade e problemas no assoalho do casarão.
— As melhorias vão manter a arquitetura original, vai ser preciso reformar o telhado e os beirais dele e as laterais. Também precisa fazer reforma nas paredes, tirar algumas partes e substituir por novas. O assoalho também está cedendo e vai precisar ser reformado. Como a última avaliação foi há alguns meses, as coisas podem ter mudado. Então, pode ser que façamos um novo orçamento no caso de precisar de mais reformas no local. Acredito que em duas semanas possamos dar início aos trabalhos no casarão — afirma Chaida.
Conforme a secretária de Cultura, Magali Quadros, a reforma é uma forma de mostrar a importância dos cuidados com a história de Caxias do Sul. Em 2018, o local recebeu tapumes e lonas para evitar maiores estragos pela ação do tempo.
— Esta é uma manutenção preventiva e queremos que comece o quanto antes. É sempre importante a preservação de um patrimônio histórico da cidade, de algo que faz parte do início do município. Vemos como importante a preservação desses registros históricos e, como se trata de uma casa de madeira, precisa de cuidados específicos para a preservação. O serviço de manutenção para preservar deve ser feito da melhor forma porque essa melhoria é uma forma de preservar o espaço urbano, assim como a memória de Caxias — afirma Magali.
Espaço aberto para o público
Em 2015, quando começou a previsão de abertura de licitação para a recuperação do local, já estava prevista a abertura do casarão para o público após a reforma. A expectativa era de que o local se tornasse um memorial sobre a trajetória dos funcionários que trabalharam na construção da BR-116, com agenda para atividades culturais. Além disso, atividades culturais com vídeo, música e contação de histórias de ex-funcionários do DNER estavam em planejamento.
A secretária de Cultura não descarta a possibilidade de transformar o casarão em um espaço cultural para os moradores da cidade. Entretanto, conforme Magali, é preciso inicialmente focar nas melhorias que devem ser feitas neste semestre.
— Por enquanto não podemos falar sobre essa abertura para o público porque estamos focados na manutenção. Pode ser que, durante a execução dos trabalhos no espaço surjam novas questões que precisarão de atenção. A partir disso, em um segundo momento, poderemos falar sobre a possibilidade de construir no local um espaço de memória para Caxias do Sul — explica a secretária.
Casarão do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
A casa de madeira de dois pisos com seis salas distribuídas no primeiro andar e um grande salão sem divisórias no segundo, foi inicialmente instalada nas margens da BR-116, perto do Monumento ao Imigrante. O local, que sediou o escritório do DNER, foi "arrastado" alguns metros, em 2013, para a construção da Estação de Transbordo Imigrante, e permaneceu no local como forma de ser um espaço atrativo para os moradores que passavam pela estação.
Quando o DNER ainda existia, trabalhadores do local contribuíram com o desenvolvimento da região com a construção da BR-116. Inicialmente denominada BR-2, a rodovia só passou por Caxias do Sul depois da pressão do município junto ao Governo Federal.
Originalmente, a BR ligaria Gramado e São Francisco de Paula a Santa Catarina. Os municípios de Caxias, Nova Petrópolis, São Marcos e Campestre da Serra estavam fora do traçado. Por volta de 1940, o governo alterou a rota e incluiu Caxias. A partir disso, o casarão surgiu como forma de controlar o andamento dos trabalhos por toda a região. Quando a obra na BR foi concluída, o local serviu como base para manutenções no local.