Encontrada na costa do Rio Uruguai, em São Borja, no dia 13 de fevereiro, uma sucuri amarela de aproximadamente dois metros de comprimento e 7,075kg esteve em Caxias do Sul nesta terça-feira (12) para realizar uma tomografia. O exame foi feito no Instituto Hospitalar Veterinário da UCS.
A sucuri chegou de Porto Alegre, de onde veio em uma caixa lacrada, de carro, por volta das 10h. Todo o processo, que envolveu a preparação e sedação, até a conclusão do exame, durou aproximadamente uma hora. Ela foi sedada e entubada antes do exame. Conforme a professora e imaginologista do IHVET, Claudia Giordani, o equipamento é similar ao utilizado em humanos, mas nesse caso teve alguns desafios.
— O equipamento em si é praticamente o mesmo, a gente trabalha com 16 canais, então acaba sendo muito similar (ao usado) nos humanos, até a parte interna dele é a mesma. As dificuldades foram adaptar a anatomia do animal com o tipo de aquisição que vamos adquirir na tomografia: animais mais longos a gente não consegue pegar tudo numa mesma sequência e temos que fazer um planejamento para não perder nenhuma estrutura dessa espécie — disse a professora.
De acordo com o chefe do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, Paulo Guilherme Carniel Wagner, esse animal, macho, foi encontrado por moradores de São Borja que logo após acionaram a Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram). Posteriormente, a cobra foi levada para Porto Alegre e aparentemente não tinha nenhum ferimento.
Segundo Wagner, há debates sobre a presença de sucuris no Rio Grande do Sul. No entanto, ele afirma que a sucuri amarela, bastante característica no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, também é comum na região de São Borja, onde foi localizada. Ele ainda destacou que é difícil precisar a idade desse animal, mas se trata de um jovem adulto.
— Se perguntar para qualquer pessoa que mora na costa do Rio Uruguai, pescadores, por exemplo, eles vão dizer que sempre teve sucuri por lá. Ela é nativa do Rio Grande do Sul, toda a população moradora da costa do Rio Uruguai, há décadas atesta a presença do animal — descreveu o chefe do Cetas.
Ele ainda disse que esse animal não oferece riscos à população, e normalmente se alimenta de roedores, aves e pequenos mamíferos. Agora, deve ser base para alguns estudos, e o Cetas deve retornar à região para encontrar mais animais para catalogar.
— Especialmente para trabalhar a estrutura genética da população desses animais, porque vamos comparar os que tem no Pantanal, que é o que chamamos de área núcleo, a área principal, mas também tem recorrência aqui no Sul. O estudo genético é importante, e o estudo de anatomia também é importante, porque ajuda a identificar os animais, e uma tomografia vai trazer isso — contextualizou Wagner sobre os próximos passos.
A expectativa é de que essa sucuri retorne ao seu habitat nesse mês, em local que não será divulgado pelo Cetas.