Jantares beneficentes movimentam a região de Vila Cristina, em Caxias do Sul, em prol de pagar a obra de ampliação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Assis Brasil. Duas novas salas construídas a partir da ajuda da comunidade foram inauguradas no sábado (23). A obra foi orçada em R$ 210 mil e o valor foi dividido em três parcelas, que começaram a ser pagas ainda no ano passado e com quitação prevista para o ano que vem. A instituição, que atende cerca de 80 estudantes, precisou de novos espaços para ampliar os anos de ensino e, em 2024, passou a receber alunos do 6º ano e do 7º ano.
De acordo com o presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM), Eleandro Razadori, famílias começaram a pedir pela ampliação para que os estudantes não tivessem que se deslocar para outras escolas distantes da comunidade. Por este motivo, em meados do ano passado, membros do corpo docente da instituição e moradores começaram a se organizar para viabilizar a obra.
— A demanda começou porque os pais queriam os 6º, 7º e 8º anos e fomos amadurecendo a ideia. Ainda em 2022, já vimos a necessidade da ampliação da escola, mas para ampliar e construir mais precisávamos de doação de terras. O casal Angelita e Celso Potter doou um pedaço de terra do lado da escola. Inicialmente pensamos em primeiro construir uma quadra coberta por causa do calor, mas vimos que não poderíamos construir agora porque as duas novas salas eram mais necessárias — conta Razadori.
A partir da doação do terreno, que ficava ao lado de onde a escola já estava construída, o CPM deu início às ideias voltadas para a arrecadação de valores para iniciar a obra. Membros da comunidade começaram a apoiar, organizar e participar de jantares beneficentes que, no ano passado, arrecadaram R$ 70 mil. Além disso, a iniciativa também contou com três arquitetas e um engenheiro civil voluntários, que quiseram participar do projeto de ampliação.
— Tivemos dois jantares beneficentes e outros eventos, como o cachorro-quente solidário que fizemos dois na escola e um no salão dos Capuchinhos (da Igreja dos Capuchinhos). Também fizemos quatro cachorros-quentes no salão de Nova Palmeira em dezembro e todas as quatro ações do cachorro-quente foram revertidas em dinheiro que aplicamos na escola. Nesse ano e no ano que vem, vamos fazer novos eventos beneficentes para arrecadar a quantia que falta para pagar o restante da obra — explica o presidente.
Ensino sobre a importância da agricultura familiar
Segundo a professora Maria Madalena Debastiani, a importância de ampliar a escola e manter os alunos aprendendo no local está no método de ensino aplicado, que visa o desenvolvimento e carinho dos estudantes pelos campos de pesquisa e agricultura familiar.
— Nossa escola é uma escola de campo e procuramos manter essas crianças no meio rural porque nos preocupamos com a agricultura familiar, que é de onde essas crianças vêm e é o impulsionador da economia da região. Então, aqui temos uma escola de campo e na Terceira Légua temos o Ensino Médio, que é a Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra), que é muito boa também e dá andamento ao ensino voltado para a cultura do campo — conta a professora.
Além de incentivar o estudo voltado para a importância da agricultura familiar, os estudantes têm a oportunidade de se desenvolver no ambiente da pesquisa. Conforme a Maria, a metodologia aplicada na escola já levou os estudantes a uma feira em Novo Hamburgo.
— Buscamos oferecer um ensino atrativo para despertar o interesse deles na área das famílias deles e também procuramos fazer com que eles pesquisem. Estamos seguindo uma metodologia de trabalho científico e já tivemos turma de 1º ano de Ensino Fundamental participando de uma feira em Novo Hamburgo por causa da pesquisa científica — afirma Maria.
Incentivo do Município
Segundo Eleandro Razadori, para a ampliação da escola, a comunidade recebeu o apoio das secretarias de Educação, Urbanismo e Obras e Serviços Públicos. De acordo com o secretário de Educação, Edson da Rosa, a parceria entre CPM e município foi essencial para que o local pudesse atender dois novos anos escolares.
— É importante louvar essa parceria porque a escola é do município e todas as secretarias que puderam, deram apoio. A construção, a ampliação é legal, mas é preciso de toda uma questão para o funcionamento. Nesse sentido, hoje será dado ali na escola mensalmente um investimento em torno de R$ 49 mil. Esse valor está nos cinco novos professores porque a escola precisava para os dois novos anos, além de transporte, merenda e suporte para o funcionamento — afirma o secretário.
Um novo pedido da escola ao município é pela abertura dos 8º e 9º anos no local, para que, novamente, os estudantes não precisem se deslocar para outras instituições para concluir o Ensino Fundamental. De acordo com o secretário, assim como ocorreu para que a escola pudesse atender estudantes do 6º e do 7º ano, uma nova avaliação deve ser feita para que, no ano que vem, haja alguma definição relacionada à abertura dos dois anos finais.
— Agora nós vamos ver a demanda e, como já tínhamos acordado com a comunidade, para este momento será o atendimento de 6º e 7º anos. A partir da chegada de novas demandas, nós escutamos e verificamos a viabilidade. Tudo isso precisa passar por um estudo e, reforço, precisa haver demanda não só por parte de estudantes já matriculados, mas de novos alunos interessados em frequentar a escola — pontua Rosa.
Novos objetivos
A partir desta segunda-feira (25) a escola estará atendendo oficialmente os estudantes nas duas novas salas, que já estão em funcionamento. Os próximos objetivos da instituição são colocar ar-condicionado nas novas salas e, depois de quitar os R$ 210 mil da obra, construir a quadra coberta.