Esta quarta-feira (27) marca o fim do processo de elaboração e discussão do Plano Municipal de Mobilidade (Planmob) de Caxias do Sul. Com os estudos iniciados em meados de 2022 e finalizados pouco mais de um ano depois, as diretrizes para investimentos e ações para deslocamento dos caxienses já foram, inclusive, aprovadas pela Câmara de Vereadores e sancionadas em dezembro pelo prefeito Adiló Didomenico. O resultado final será apresentado nesta quarta, às 18h30min, no plenário da Câmara.
Uma vez concluído o levantamento, o Planmob entra na fase de execução das propostas apresentadas. Nem todas as ações previstas dependem de obras e há medidas a serem adotadas a curto, médio e longo prazos. Entre as prioridades da Secretaria de Trânsito a partir de agora está a troncalização norte-sul do transporte coletivo e a implantação de ciclovias e ciclofaixas. Além disso, ações para melhorar as calçadas da cidade, especialmente nos bairros, também são pensadas (veja abaixo).
Diante do grande investimento que as intervenções demandam e da escassez de recursos municipais, o plano do município é buscar financiamento com a Corporação Andina de Fomento (CAF). O órgão internacional tem boa relação com a administração de Caxias e é o responsável pela linha de crédito que permitiu contratar o Planmob e executar o asfaltamento de estradas do interior. A instituição também mantém conversas com a prefeitura para financiar ações na área de cidades inteligentes. De acordo com o secretário de Trânsito, Alfonso Willembring, existe a possibilidade de recursos a fundo perdido (sem necessidade de devolução) ou financiamento a juros baixos.
— Quando colocamos no papel o que queríamos, antes de realizar a contratação apresentamos o termo de referência para a CAF. Conversamos muito com eles. Eles estiveram aqui no início deste mês em uma visita de inspeção e conversamos bastante. Naquela época, disseram que financiavam esse tipo de serviço em toda a América Latina e que até então não tinham visto um plano de contratação tão bem elaborado como o que nós fizemos. A partir dos próximos meses a gente começa a se candidatar a esse tipo de financiamento. Já tive a fala direta, olho no olho, com diretores da CAF, dizendo que eles têm total interesse em nos auxiliar e financiar o município. Estou bastante otimista — revela o secretário.
Caso a CAF aprove o financiamento, o processo precisa passar por aprovação do governo federal antes de os recursos serem depositados nas contas do município. O processo é necessário pelo fato do dinheiro ter origem internacional.
Os investimentos
Uma das principais demandas de mobilidade de Caxias atualmente é a finalização da troncalização do transporte coletivo. Com a ativação das estações de integração (EPIs) Imigrante e Floresta, em 2016, teve início a troncalização do eixo leste-oeste. Já o eixo norte-sul segue operando no sistema antigo, com cada linha circulando do bairro ao centro.
O planejamento para o setor prevê a construção de três novas EPIs: uma na zona norte, na região do bairro Fátima ou Santa Fé, uma na zona sul e outra na região do bairro Serrano. Como ocorre nas EPIs já em operação, as estações vão receber as linhas dos bairros e o deslocamento até o centro ocorrerá em linhas troncais.
A implantação plena do sistema norte-sul também depende de duas obras fundamentais: o binário da São Leopoldo, que inclui a construção de uma nova via e a canalização do Arroio Pinhal, e a extensão da Rua Marechal Floriano até a Visconde de Pelotas, em fase de negociação para desapropriações. Para essa última obra, Willembring defende que seja construído um viaduto no entroncamento da Visconde com a Moreira César.
— Ali onde chega a Visconde de Pelotas e onde vai chegar também a Marechal, vamos assim dizer, entendo que a gente tem que ter uma obra maior, em dois níveis, um viaduto, alguma coisa nesse sentido, para ligar essa nova via. Tem parte da técnica que entende que basta uma espécie de rotatória, um aparelho plano. Eu acho que se formos investir da forma como estamos pensando, é melhor já fazer uma coisa pensando no futuro, que tenha durabilidade maior — explica.
Com relação aos espaços ciclísticos, o Planmob prevê 120 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, inclusive no centro, cujo objetivo é começar a tirar do papel a partir do financiamento. Já as calçadas terão foco principalmente em bairros e regiões mais afastadas do centro.
Segundo Willembring, a legislação municipal já prevê espaço adequado ao pedestre para novas construções. Em algumas regiões, contudo, é comum imóveis antigos avançarem sobre as vias, retirando espaço dos pedestres. O objetivo com o Planmob é, aos poucos, remover construções do tipo para abrir espaço para circulação.
— O problema são as centralidades externas, bairros onde houve um crescimento desordenado e isso foi deixado de lado. Temos locais em que simplesmente não existe um passeio público e as pessoas dividem a via com os veículos.