Manter um evento que espera movimentar meio milhão de visitantes, com diversas opções de compras, gastronomia, entretenimento e experiências durante 18 dias, exige um orçamento de fôlego. Em 2024, a Festa Nacional da Uva, em Caxias do Sul, pretende arrecadar uma receita de R$ 21 milhões, sendo R$ 17 milhões para o pagamento das ações voltadas para o evento de deste ano e outros R$ 4 milhões que serão destinados para liquidar débitos pendentes das últimas edições.
Até o momento, dos R$ 21 milhões do orçamento, a Festa da Uva arrecadou R$ 16 milhões - o que representa 76% dos recursos totais pretendidos. Em tese, o evento está praticamente pago, faltando obter receitas para o pagamento de dívidas. A maior parte da receita obtida até agora vem da prefeitura de Caxias do Sul que destinou R$ 6 milhões em um aporte financeiro aprovado pela Câmara de Vereadores na semana passada. O recurso será utilizado para a compra e logística da uva que será distribuída aos visitantes, desfile, montagem dos estandes no evento, serviços de segurança e limpeza, geradores de energia e bilheteria.
O presidente da Comissão Comunitária da Festa da Uva, Fernando Bertotto, afirma que não é possível fazer uma festa sem o apoio do poder público. Em entrevista ao Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, ele não soube explicar porque o aporte foi solicitado faltando menos de 30 dias para o evento, mas disse que "veio em tempo hábil" para viabilizar o evento.
Bertotto reforçou, na entrevista, que a previsão é que sejam movimentados cerca de R$ 250 milhões na economia da cidade, valores que justificam os ganhos para a cidade com a realização da Festa da Uva.
— O repasse da prefeitura é tradicional. Ele deveria até ser compulsório porque, para viabilizar uma festa do tamanho da Festa da Uva, é necessária a participação do poder público e esse recurso vem para ajudar no orçamento da festa, que é um orçamento grande, vultoso, de R$ 21 milhões, incluso o passivo que temos que pagar — explica.
Bertotto explica que a dívida de R$ 4 milhões está acumulada desde a edição de 2016 do evento e que, na visão dele, deverá ser zerada ao término da Festa da Uva 2024. O débito envolve fornecedores. Além dos recursos da prefeitura, o evento captou R$ 3 milhões com patrocinadores, como Bradesco, Banrisul, Rede SIM, Randoncorp, Sicredi Pioneira e Marcopolo. Ao todo, são 11 marcas patrocinadoras e 30 empresas apoiadoras.
Outros R$ 2 milhões foram obtidos com a venda de espaços para os expositores do evento. São mais de 400 expositores, de diferentes segmentos, incluindo as opções de gastronomia. As vendas iniciaram em julho de 2023 com o custo do metro quadrado de um estande no evento a partir de R$ 650.
Ainda entre os recursos obtidos, estão verbas da Lei Rouanet e da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Estadual, que totalizam cerca de R$ 5 milhões. Sobre o recurso federal, a Festa da Uva teve projeto aprovado para captar R$ 5,9 milhões. Até o momento, R$ 1,9 milhão foram arrecadados e a Festa da Uva espera obter mais R$ 2 milhões até o fim do ano, que é o prazo legal. O dinheiro é obtido de empresas ou pessoas físicas por dedução do imposto de renda.
— Temos comprometido com as empresas cerca de R$ 4 milhões. A captação pode ocorrer até 31 de dezembro deste ano e algumas empresas já sinalizaram e o aporte vai acontecendo ao longo do ano. Mas a empresa precisa sinalizar durante a festa, porque ela precisa aparecer como patrocinadora — explica ele, que espera atingir a marca dos R$ 4 milhões até o início do evento, em 15 de fevereiro.
Bertotto não incluiu na conta os recursos que serão obtidos com a bilheteria do evento. A expectativa é que 200 mil visitantes pagantes visitem os pavilhões - os ingressos custarão R$ 20. Por isso, a previsão é arrecadar até R$ 4 milhões com a venda de ingressos. O valor faltante do orçamento total, cerca de R$ 1 milhão, deverá ser obtido de outras maneiras que não foram detalhadas.