Caxias do Sul está em busca de financiamento de US$ 50 milhões para o desenvolvimento de ações na área de cidades inteligentes. A negociação ocorre por meio de um projeto desenvolvido a partir de uma consultoria que o município recebeu no segundo semestre do ano passado. A proposta foi apresentada na última quinta-feira (18) pela prefeita em exercício Paula Ioris a executivos da Corporação Andina de Fomento (CAF), órgão internacional que abriu a linha de crédito.
Ao longo das discussões, os especialistas da consultoria e os servidores municipais identificaram seis eixos que deverão ser desenvolvidos com os recursos do financiamento: digitalização do ensino; mobilidade/controle inteligente de trânsito/ciclomobilidade; inovação; digitalização de serviços ao cidadão; videomonitoramento inteligente e coleta inteligente de resíduos.
— Não é apenas a tecnologia. É a cultura de tecnologia, de se tomar uma decisão com base em dados. Na digitalização de serviços ao cidadão estamos muito atrasados, temos algumas ações nos pedidos de licenciamento ambiental. Na coleta de resíduos, agora estamos apagando incêndio, mas estamos planejando o futuro, são ações que não adianta fazer agora. Estamos trabalhando para pensar a Caxias do futuro, sem descuidar do que está acontecendo — afirma Paula.
De acordo com a prefeita em exercício, a partir da apresentação do projeto, os executivos da CAF apontaram ajustes a serem realizados. Uma vez aprovados, o processo será encaminhado para a Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), órgão do Ministério do Planejamento que autoriza a contratação de crédito internacional. Esse é o início de uma série de etapas junto ao governo federal até o município ter acesso aos recursos. A estimativa de Paula é de que a aprovação ocorra em 2025, com a implantação completa do programa até 2030.
— A CAF elogiou o projeto e o nível de maturidade. O executivo sênior que esteve aqui já conhece Caxias há 15 anos, por causa do financiamento que a cidade fez para o asfaltamento do interior — revelou a prefeita em exercício.
Órgão internacional buscava cidades para investir
O desenvolvimento do projeto teve início em junho do ano passado, quando o consórcio Latin America Smart Cities, iniciou as conversas com oito cidades brasileiras. O grupo é formado pelas consultorias brasileiras Bright Cities, Connected Smart Cities e Spin Soluções Públicas Inteligentes. O objetivo era realizar o diagnóstico do uso da tecnologia para o gerenciamento das cidades.
Os municípios foram selecionados por já terem iniciativas e abertura para inovação. Após a aplicação de questionários, apenas Caxias, Belém (PA) e Boa Vista (RR), avançaram para a etapa de consultoria e desenvolvimento de projeto.
O conceito de cidades inteligentes reúne conectividade, eficiência e coleta de dados para integrar e melhorar a prestação dos serviços e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida da população.
— Quando olhamos para o projeto, é para que se pare de "enxugar gelo". É um compromisso pensar nisso. Caxias tem que dar esse passo. Imagina se não tivesse o Faxinal e o Marrecas? Alguém, em algum momento pensou nisso — exemplifica Paula.
Os seis eixos
- Digitalização do ensino: envolve conectividade de escolas e plataformas digitais para a educação.
- Iniciativas e investimentos em mobilidade, controle inteligente de tráfego, ciclomobilidade: utilização de tecnologia e dados para planejar e gerenciar a mobilidade.
- Inovação: iniciativa de inovação na gestão pública, aproveitando a boa colocação da cidade nos rankings do setor por conta das ações do setor privado.
- Digitalização de serviços aos cidadão: canais digitais de atendimento e acompanhamento da gestão.
- Videomonitoramento inteligente: incremento do sistema inaugurado no ano passado, com aumento no número de câmeras e consolidação do foco no gerenciamento da cidade como um todo, não apenas na segurança pública.
- Coleta inteligente de resíduos e reciclagem: utilização de tecnologia e dados no gerenciamento do sistema de coleta e destinação de resíduos.