Ocupando atualmente a posição 91 no ranking da plataforma Connected Smart Cities - que lista as 100 cidades mais inteligentes do país -, Caxias do Sul é o único município do Rio Grande do Sul a participar de um estudo destinado a incentivar projetos na área. Ao lado de outras sete cidades brasileiras, o município passa desde março por um diagnóstico que avalia diversos indicadores para medir o nível de desenvolvimento da inteligência da gestão e funcionamento dos serviços. Com os dados em mãos, três cidades serão selecionadas e poderão receber financiamento para implantação de projetos de transformação digital.
O conceito de cidades inteligentes reúne conectividade, eficiência e coleta de dados para integrar e melhorar a prestação dos serviços e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida da população. O programa do qual Caxias faz parte foi criado pela Corporação Andina de Fomento (CAF), do Banco de Desenvolvimento da América Latina, com o objetivo de incentivar a implantação de projetos do tipo. A instituição abriu processo para contratar empresas especializadas na realização do diagnóstico, que foi vencido pelo consórcio Latin America Smart Cities. O grupo é formado pelas consultorias brasileiras Bright Cities, Connected Smart Cities e Spin Soluções Públicas Inteligentes.
De acordo com Raquel Cardamone, CEO da Bright Cities, startup especializada em diagnóstico de cidades, as coletas dos dados básicos tiveram início em julho de 2022. A partir da reunião das primeiras informações, se definiu os oito municípios que participariam do levantamento. São três questionários com cerca de 70 questões cada um que passaram a ser respondidos pelos municípios em março, um método exclusivo desenvolvido pelo consórcio.
— Buscamos cidades que já tinham iniciativas e abertura para inovação. identificamos Caxias como uma ótima oportunidade de ser avaliada e a cidade tem se saído muito bem — revela.
A próxima etapa do estudo é a escolha de três das oito cidades para elaboração e implantação de projetos de transformação digital que atendam aos desafios apontados. A ideia é que as cidades recebam financiamento da CAF para tirar as soluções do papel, mas o valor a ser destinado e os projetos variam de acordo com cada município.
— Pode ser tanto nas áreas de infraestrutura e conectividade quanto de fortalecimento institucional, como, por exemplo, agendamento de serviços online, gestão da mobilidade e conectividade. O intuito é suprir a escassez de recursos. Muitas vezes o município tem mapeado ou identificado as necessidades, mas não tem o dinheiro — observa Raquel.
A expectativa é de que os três municípios selecionados possam ser definidos em julho. Já os projetos devem ser escolhidos em setembro.
Diagnóstico já traz benefícios
Em Caxias do Sul, o estudo é coordenado pelo Escritório de Dados, comandado pela vice-prefeita Paula Ioris. Na avaliação dela, a escolha de Caxias para o estudo ocorreu por conta da boa relação com a CAF (o município mantém contrato com a instituição para asfaltamento de estradas do interior), mas também pela visibilidade que Caxias possui entre as cidades brasileiras.
Conforme Paula, mesmo se o município não avançar para a próxima fase do programa, o diagnóstico já vai auxiliar nos projetos de cidades inteligentes que estão em andamento.
— A prefeitura de Caxias reconhecidamente já faz ações neste sentido há muito tempo. O que faltava era reunir os dados. Uma cidade inteligente não é só tecnológica, é como ela toma decisões e usa os dados. O próprio diagnóstico contribui até para a própria prefeitura ir direcionando esforços. Quem ganha com a cidade inteligente é a população, porque a cidade fica mais efetiva — afirma Paula.
Entre ações que já são desenvolvidas, segundo a vice-prefeita, está a Diretoria de Geoprocessamento (Digeo), da Secretaria do Planejamento. O grupo ajuda na tomada de decisões e elaboração de projetos. Outras medidas são o cercamento eletrônico, em fase de implantação, e a PPP da iluminação pública, prestes a ter o leilão homologado.
Caso o município seja um dos três municípios selecionados para o desenvolvimento de projetos, a própria CAF deve propor soluções, mas projetos do próprio município também podem ser aproveitados. Entre os que podem ser beneficiados, segundo Paula, estão a digitalização integral dos processos do município (hoje é parcial), aperfeiçoamento da Digeo e implantação do Observa Caxias, plataforma que deve dar transparência aos dados coletados por meio do sistema de gestão inteligente.
Cerca de 10 servidores são responsáveis por preencher os questionários do estudo, que englobam os eixos governança e estratégia/ecossistema colaborativo; território e questões sociais; e infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação/serviços digitais. Eles integram o Escritório de Parcerias Estratégicas, o Escritório de Dados e Gerenciamento de Projetos, a Digeo, a Fundação de Assistência Social (FAS), a Diretoria de Sistemas da Secretaria de Recursos Humanos, Logística e Tecnologia e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação.
Cidades participantes
- Caxias do Sul
- Belém (PA)
- Boa Vista (RR)
- Rondonópolis (MT)
- Palmas (TO)
- Vitória da Conquista (BA)
- Foz do Iguaçu (PR)
- Guarapuava (PR)