Os usuários do transporte coletivo em Bento Gonçalves ainda não sabem quanto deverão pagar para utilizar o serviço a partir de sexta-feira (1º), quando entra em vigor a nova tarifa nos ônibus da cidade. O decreto prevê que o valor da passagem passe de R$ 5 para R$ 6. Entretanto, um projeto protocolado pela prefeitura na Câmara de Vereadores no dia 10 de agosto pede autorização do Legislativo para subsidiar o aumento, ou seja, permitindo manter os atuais R$ 5 para os usuários e custear com recursos públicos a diferença de R$ 1.
Se aprovado, o projeto prevê manter a tarifa congelada até o fim deste ano e utilizar R$ 2,2 milhões para bancar o subsídio. A iniciativa aguarda entrada na pauta para que seja apreciada pelos vereadores, mas tem provocado atritos entre Executivo e Legislativo. Como a Câmara de Bento Gonçalves tem sessões apenas às segundas-feiras, a prefeitura protocolou nesta terça-feira (29) o pedido de uma sessão extraordinária para que o assunto seja apreciado ainda nesta semana, afim de evitar que o aumento seja repassado ao usuário.
Como resposta, o presidente da Câmara de Vereadores, Rafael Pasqualotto (PP), enviou um pedido de informações ao município para entender os motivos da urgência no pedido de sessão extraordinária. Segundo ele, o projeto não foi a votação ainda pela ausência de documentos, como atas do Conselho Municipal de Trânsito.
— Estamos falando de um projeto em discussão há menos de um mês e a pressão não pode ser do Legislativo. Temos que ter compromisso com os recursos públicos. Não somos contra o subsídio, mas entendemos que são necessárias contrapartidas das empresas para melhorar o atendimento aos usuários. Usei o serviço e ouvi muita reclamação — defende o parlamentar.
As contrapartidas mencionadas por Pasqualotto incluem a expansão de itinerários, melhores condições de abrigos e ampliação de horários, principalmente aos finais de semana. De acordo com o secretário municipal de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Henrique Nuncio, as mudanças são importantes e devem avançar nos próximos meses, uma vez que a cidade prepara uma licitação para renovar a concessão das empresas que prestam o serviço na cidade.
— Falar de transporte coletivo é sempre um debate acalorado. Neste momento, estamos falando de tarifa, valores, para manter o serviço atrativo e sem penalizar o usuário. Em um segundo momento, vamos discutir o que é possível melhorar — explica o secretário, que foi convocado e prestou esclarecimentos aos vereadores no dia 15 de agosto.
Cerca de 350 mil passageiros utilizam o serviço todos os meses. Caso aprovado, o benefício será estendido para todos os usuários, seja com cartão vale-transporte, chamado de cartão Vino, ou dinheiro.
A justificativa para o repasse de recursos é o aumento no custo de operação de serviço, incluindo combustível e repasse dos vencimentos para os profissionais que trabalham nas três empresas responsáveis pelo transporte público em Bento Gonçalves — Santo Antônio, Bento e Monte Belo.