As cirurgias eletivas vão ser retomadas gradativamente em Caxias do Sul após suspensão de 15 dias devido à superlotação dos hospitais Pompéia e Geral. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as duas instituições serão comunicadas ainda nesta sexta-feira (23) por ofício, reiterando que a suspensão era por 15 dias e, como não foi prorrogada, se retorna à normalidade. Ainda de acordo com a pasta, os procedimentos são agendados pelos próprios hospitais, conforme disponibilidade de equipe médica, sala cirúrgica e leito.
No entanto, o Hospital Geral (HG) ainda aguardava o comunicado oficial, e aponta que aqueles procedimentos que não precisavam de internação, como os ambulatoriais, ou os eletivos nas áreas cardíaca e oncológica não foram suspensos. Já o Pompéia afirma que retomará os procedimentos no próximo dia 27 de junho.
O diretor-técnico do HG, Alexandre Avino, afirma que ainda não há uma data definida para a volta da realização dos procedimentos. Ele esclarece que é necessário comunicar o paciente, com ao menos dois dias de antecedência sobre a data, já que ele precisa estar em jejum e com os exames em mãos para que a cirurgia possa ser realizada. Por isso, na sexta-feira (23) não estava prevista a realização de nenhum procedimento que havia sido adiado.
Avino explica que o HG segue com superlotação constante e, consequentemente, convive com a falta de leitos. Portanto, sem condições de internar pacientes. Para se ter uma ideia, 19 pacientes ocupavam um espaço para 12 leitos no pronto-socorro do hospital na última quinta-feira (22). Ele ressalta, no entanto, que a instituição manteve as cirurgias cardíacas e oncológicas mesmo diante da necessidade de leitos, devido à gravidade de alguns casos. Os procedimentos ambulatoriais também foram mantidos e, segundo ele, aumentaram, sendo que foram feitas até 22 cirurgias por dia.
— Nós permanecemos com lotação expressiva, na verdade, 100%. Mantivemos o pronto-socorro bastante ocupado, com vários momentos de superlotação. O quadro permanece tenso em relação à necessidade de leitos para internações graves. Nesse período, mantivemos o máximo de atividade cirúrgica para pacientes oncológicos, de cirurgia cardíaca e também as cirurgias ambulatoriais. Realizamos em torno de 30 cirurgias e cerca de metade delas necessitam de internação. Então, cerca de 150 cirurgias deixaram de ser feitas em função da incapacidade de internação neste período, mesmo que tenham sido mantidos outros procedimentos — ressalta Avino.
O Hospital Pompéia também segue com o pronto-socorro superlotado. Por meio da assessoria de imprensa, a instituição afirma que a previsão de retomada das eletivas é para a próxima terça-feira (27). A partir desta data serão feitas as remarcações e novas marcações dos procedimentos. O hospital acrescenta que "é importante enfatizar que é uma previsão de data, pois pode alterar de acordo com o contexto e solicitações provindas da SMS". Ainda segundo o Pompéia, apesar do comunicado da secretaria referente à suspensão ter sido emitido em 7 de junho, as eletivas foram suspensas no dia 12 pelo hospital.
Ao todo, são 9.902 procedimentos deste tipo represados na cidade. Segundo dados apurados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por solicitação da reportagem, a cada mês, em média, 270 novos pedidos são autorizados no maior município da Serra. São atendimentos que podem ser adiados sem colocar o paciente em risco no momento, mas cuja demora tira a qualidade de vida, pode agravar sintomas e gerar ainda mais angústia aos envolvidos.
Ainda em 7 de junho, a SMS suspendeu os procedimentos nos dois hospitais porque, além da falta de leitos, a superlotação nas emergências do Geral e do Pompéia impactou na atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em mais de uma ocasião, há cerca de duas semanas, todas as ambulâncias que atendem aos casos de urgência e emergência na cidade tiveram que ficar paradas nas instituições de saúde à espera de um leito para deixar os pacientes. A situação foi determinante para que a SMS suspendesse as cirurgias eletivas, consideradas não urgentes, pelo prazo de 15 dias.