A mobilização pela tão sonhada Rodovia da Serra ganha fôlego. A iniciativa que motivou uma frente parlamentar em 2019 e pode encurtar a distância da Serra gaúcha com a Capital poderá ser financiada pelo governo federal caso a proposta do governador Eduardo Leite seja aceita pela União. A ideia do Estado é dar continuidade às obras de competência federal da BR-116 no trecho próximo à Região Metropolitana. Em troca, o governo federal bancaria o trecho de 18,7 quilômetros da extensão da BR-448, que desviaria o fluxo do entrocamento da RS-240 com a BR-116, em São Leopoldo. É uma obra de mais de R$ 1 bilhão.
Em outra frente, já foi definida a empresa que fará o projeto da rodovia. A homologação do consórcio Magna-Enecon, de Porto Alegre, foi publicada no Diário Oficial da União na sexta-feira (15). A expectativa é de que a assinatura do contrato ocorra ainda neste ano.
A extensão da BR-448 já tem estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental aprovado e ligaria um trecho entre os municípios de Sapucaia do Sul e Portão. Chamada de Rodovia da Serra, o novo traçado fará com que o motorista não precise passar pelo histórico gargalo do bairro Scharlau, em São Leopoldo.
Secretário de Gestão Administrativa e Política, o deputado estadual eleito Ronaldo Santini foi uma das lideranças que lutou pela implantação da rodovia e atualizou o tema, a pedido da reportagem, junto ao DNIT.
— É uma luta de mais de 30 anos e agora demonstrada a viabilidade técnica, passou-se o processo de contratação do projeto da obra que foi licitado e tem a empresa habilitada para projetar. A estimativa do custo da obra deve ficar entre R$ 1,3 bi a R$ 1,5 bi — contou Santini
O alto valor da obra é justificado pelas indenizações do terreno onde a extensão passará. Ainda segundo Santini, o trecho custará mais que a ligação entre André da Rocha e Lagoa Vermelha, na BR-470, outro importante gargalo da região. No entanto, a execução da extensão da Rodovia do Parque passaria na frente de outros projetos importantes para a logística gaúcha. Segundo Santini, a obra da BR-470 iniciaria tão logo se concluísse obras em andamento no Rio Grande do Sul como a ponte sobre o Guaíba ou o alargamento da BR-116, em São Leopoldo.
— Acaba antecipando um passo na fila, mas entendemos que é um gargalo de extrema importância que precisa ser resolvido — disse.
Demanda antiga e defendida por empresários
A demanda pela ligação da Rodovia do Parque com a RS-240 na altura de Portão é pauta antiga e defendida há anos pelo ex-presidente da CICS Serra, Edson Morello. À frente da entidade por seis anos consecutivos entre 2015 e 2021, Morello participou das discussões também em prol da BR-470 entre André da Rocha e Lagoa Vermelha que encurtaria a distância do estado com o Porto de Itajaí, por exemplo.
As reviravoltas sobre as prioridades e possibilidades de melhorar a infraestrutura em prol da Serra fazem com que o empresário tenha cautela em criar novas expectativas
— Essa discussão já girou no Dnit e no Ministério dos Transportes. Há dois anos, tínhamos uma expectativa muito boa, mas aconteceram tantas coisas nesse projeto, inclusive uma outra possibilidade de estrada que sairia em Nova Santa Rita. E, no final das contas, nada aconteceu. Agora temos uma troca de governo federal e começará tudo de novo, não adianta acreditar que virá o Papai Noel com o projeto pronto — ponderou.
As críticas de Morello ao caminho atual para ir da Serra até Porto Alegre passam pelo gasto de combustível gerado pelos engarrafamentos para acessar a BR-116, em São Leopoldo. Além disso, o lamento é pela Rodovia do Parque não ter chegado até Portão na época em que foi construída.
— A BR-448 é um absurdo, é uma estrada que foi decepada e não resolveu o problema. Daqui a dois anos o entroncamento da Scharlau será intransitável. Para moradores de Nova Prata como eu, não terá feriado que se possa fazer uma viagem à Porto Alegre em menos de quatro horas — lamentou.