Mesmo com a desobrigação do uso de máscara em locais ao ar livre, medida em vigor desde a tarde de sexta (11) em Caxias do Sul, a maioria dos caxienses segue utilizando o equipamento de proteção em ruas e praças. Na manhã deste sábado (12), a reportagem do Pioneiro circulou por três bairros da área central, em pontos como praças Dante Alighieri e da Bandeira e Parque dos Macaquinhos, e observou que o uso da máscara ainda é um comportamento seguido pelas pessoas, mesmo após o fim da obrigatoriedade.
Segundo o decreto, assinado pelo prefeito Adiló Didomenico, o uso de máscara não é mais obrigatório para circulação de pessoas. A medida é válida para espaços abertos, tanto públicos quanto privados, em vias públicas e demais locais abertos de uso coletivo e não se aplica para locais fechados. O texto do decreto é sucinto e não prevê exceções, como adotado em outros municípios da Serra, que prevê diferente regramento para pessoas imunossuprimidas, por exemplo. De acordo com o prefeito, cada pessoa deve avaliar a partir de agora se usa ou não o equipamento de proteção.
Na Praça Dante Alighieri, por exemplo, a maioria das pessoas que transitava pelo local estava com o equipamento – principalmente famílias acompanhadas de crianças. Poucas pessoas, a maioria jovens, sentados nos bancos, dispensavam a proteção. Poucas usavam a máscara no queixo. O comportamento foi o mesmo na Praça da Bandeira, em São Pelegrino, e nas paradas de ônibus localizadas no trajeto.
A exceção foi o Parque dos Macaquinhos, no bairro Exposição, onde a maioria das pessoas não usava máscara. O local é conhecido por ser um espaço de atividades físicas, com pessoas caminhando, correndo, andando de bicicleta ou levando o cachorro para passear. Esse comportamento de não utilização da máscara para atividades físicas era percebido há mais tempo e antes da flexibilização.
O aposentado Mário Alves, 63 anos, passeava de bicicleta pela Praça Dante Alighieri. Ele é morador do bairro Cruzeiro e faz esse trajeto todos os sábados para se exercitar. Mesmo em atividade física, ele usava o equipamento de proteção contra o coronavírus. Alves contou que ainda se sente inseguro ao não usar máscara.
— Me cuido há bastante tempo. Mesmo com a máscara direto no rosto, peguei covid há uns 40 dias e fiquei bem. Tive apenas dores nas costas e acredito que isso (de não ter sido grave) foi por causa da vacina. Enquanto eu achar necessário usar (máscara), vou continuar fazendo isso — explica.
Em contrapartida, o casal Mara e Lindomar Santos, 60 e 61 anos, respectivamente, passeavam pelo Centro sem usar máscara. Eles contaram que souberam da decisão que flexibiliza o uso da proteção e optaram por fazer o deslocamento a pé e sem máscara
— Se antes existia um decreto para usar e agora foi feito um decreto para não usar, não se usa. Me sinto seguro, estou vacinado — relatou Lindomar, que era morador de Cachoeirinha e está há três anos em Caxias.
Mara contou que eles se vacinaram e tiveram sintomas de covid-19, mas não sabem se contraíram a doença porque não fizeram o teste. O casal disse também que sempre usou máscara e carregava uma no bolso porque o equipamento ainda é obrigatório em locais fechados, como estabelecimentos comerciais, por exemplo.
— Eu acho melhor sem máscara. Sempre usamos, mas como o prefeito deu mais segurança pra gente, vamos fazer o que está previsto — relata ela.
A prefeitura afirma que a decisão foi tomada durante reunião do gabinete de crise e alguns dados que indicam melhora no cenário da pandemia, segundo o executivo, embasaram essa decisão. Um deles aponta que 85% da população acima de cinco anos recebeu ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus. Com a segunda dose, o índice é de 75% e, com reforço, a cobertura é de 34% da população. Até esta sexta (11), Caxias tinha pouco mais de 400 pacientes contaminados com a covid-19, dos quais 11 internados em leitos de enfermaria e cinco em unidades de terapia intensiva.
Além de Caxias, Carlos Barbosa e Vacaria também flexibilizaram o uso de máscara na Serra. Em Carlos Barbosa a proteção é opcional em ambientes abertos e fechados. A exceção é para estabelecimentos de saúde, onde o uso da peça continua a ser obrigatório. Em Vacaria, a medida vale apenas para locais ao ar livre.
O Ministério Público acompanha essas decisões individuais dos municípios e disse entender que deve se manter o cumprimento da legislação que determina a obrigatoriedade do uso de máscara até que haja uma decisão do Comitê Científico do Estado.