A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) realizou uma reunião virtual na manhã desta segunda-feira (21) e recomendou a retirada da obrigatoriedade de máscara nos ambientes fechados. Desde a última sexta-feira (18), 10 prefeituras da Serra já decretaram o uso facultativo. A Amesne é composta por 36 municípios e no início do mês já havia se mobilizado de forma semelhante sobre a não obrigatoriedade da máscara em locais abertos.
Segundo a associação, o Comitê Técnico Regional elaborou um esboço, com dados técnicos e epidemiológicos da região que comprovam uma queda significativa dos casos e internações de covid-19. O modelo elaborado pelo comitê foi compartilhado com os prefeitos para embasar possíveis decretos, mas fica a critério dos municípios seguir ou não a recomendação.
De acordo com o presidente da Associação, Fabiano Feltrin, o governo do Estado frisou que a utilização da máscara ainda é obrigatória em território estadual, mas que os municípios podem adotar normas diferentes para a utilização de máscaras.
— Dado os números de queda de internações e de utilização de UTIs, o comitê técnico nos deu condições para analisar município por município, e cada um deles pode ou não aderir, eles podem até ser mais restritivos só não podem avançar sob protocolos mínimos de proteção — explicou, Feltrin.
Uso de máscara segue sendo recomendado no transporte público e em locais de atendimento à saúde
Os decretos já divulgados pelas prefeituras da região têm algo em comum: o uso no transporte público e em locais de atendimento à saúde segue sendo recomendado.
Vacaria, Gramado, Carlos Barbosa e Farroupilha liberaram o uso da máscara em igrejas, estabelecimentos comerciais e repartições públicas, por exemplo, mas seguem exigindo a proteção em hospitais, postos de saúde, casas de repouso, consultórios e farmácias.
Nas escolas, o uso da máscara é obrigatório por conta de uma decisão da Justiça e vale para todo o estado. De acordo com o parecer técnico elaborado pela Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) os hospitais foram inclusos nos locais obrigatórios devido à grande circulação de pessoas atreladas a comorbidades e problemas de saúde.
— Ainda é um posto de risco e deve se manter a máscara em todas as circulações dos setores de saúde, sem exceção. No transporte público temos agrupamento de pessoas com diversos tipos de contato — justifica a diretora do comitê técnico da Amesne, Marijane Paese.
O comitê foi o responsável por elaborar o documento que recomenda os municípios que fazem parte da associação a desobrigarem o uso da máscara nos locais fechados. Se em grande parte dos municípios o uso já liberado ao ar livre, a utilização da máscara em locais fechados pode levantar dúvidas, como a situação de um chefe obrigar o uso no local de trabalho. Para Marijane, o bom senso deve ser levado em conta.
— O parecer dá abertura para que a pessoas façam as avaliações do cenário, e tomem as medidas cabíveis naquele contexto. Depende muito, por exemplo se o ambiente é muito fechado e tiver o entendimento que é adequado usar, o parecer diz exatamente para que se avalie os riscos e sejam adotadas as medidas — explicou Marijane.
A infectologista Georgia Torresini acredita que a máscara continuará sendo usada por pessoas que apresentam sintomas de doenças respiratórias, principalmente em locais onde possa haver maior concentração de vírus como a covid-19 e a influenza.
— Depois que começamos a usar máscara, ouvi de vários pacientes que passaram ilesos até de resfriados, isso comprova que o uso evita doenças. Espero que essa conscientização permaneça principalmente para as pessoas que estão com sintomas e não sabem qual é o vírus.
Para Georgia trata-se a partir de agora de uma “etiqueta respiratória”, termo já utilizado em outros países e que se refere ao uso da proteção em locais como o transporte público.
— Pra quem tem tosse, coriza, dor de garganta e espirro é super importante que coloquem a máscara para evitar a transmissão. Ainda mais em ambientes fechados e sem ventilação adequada — explicou.