Integrantes da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) decidiram solicitar ao governo do Estado o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre. O encaminhamento do pedido foi aprovado em reunião realizada na tarde dessa quinta-feira (3) em Farroupilha, na Serra. Participaram 23 prefeitos dos 36 municípios que compõem a associação e a coordenadora do Comitê Técnico Regional da MacroSerra, Marijane Paese, além do coordenador-geral da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Salmo de Oliveira.
Em entrevista ao Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, nessa manhã, Marijane, disse que a decisão ocorreu com base no comportamento atual da pandemia, com as taxas de transmissão em desaceleração, após o pico de casos da variante Ômicron, no início do ano. Segundo ela, o número de contaminados pela cepa mais recente foi muito maior do que as anteriores, mas o período do ciclo foi semelhante, de cerca de quatro semanas.
— Entendemos que precisamos avançar. Por isso a sugestão - não é imposição - da retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos, ao ar livre. Se não surgir algo novo, uma nova variante, entendemos que entramos em um período de estabilização no número de contaminados — explica.
Ainda de acordo com Marijane, o maior risco de contaminação está em ambientes fechados e sem ventilação adequada. Por isso, o comitê entende que a melhor decisão é manter a obrigatoriedade nesses espaços. Eventos com aglomeração de público, ainda que ao ar livre, também devem permanecer com protocolos específicos, no entendimento da Amesne e, portanto, não se enquadram no pedido que será analisado pelo Estado.
Com relação à vacinação, Marijane defende que, embora os decretos estaduais exijam 90% da população dos municípios imunizada para a adoção de medidas menos restritivas, com 80% já há uma proteção adequada. Além disso, ela argumenta que os números presentes no banco de dados do Ministério da Saúde não estão atualizados, uma vez que diversos municípios não têm estrutura para lançar os dados no sistema de forma constante.
— Os municípios fizeram muitas campanhas, foram eficientes e incentivaram a vacinação. Mas entendemos que quem ainda não fez, é muito difícil que faça neste momento, é uma decisão realmente. Hoje, o acometimento hospitalar pela variante Ômicron está atrelado às pessoas com mais de 60 anos e com comorbidades. A orientação é que se faça uma busca ativa e muito focada nessa idade — destaca Marijane.
O pedido ainda precisará ser analisado pelo governo do Estado, sem prazo definido para uma decisão. O presidente da Famurs, Eduardo Bonotto, diz que recebeu apenas das cidades da Amesne essa deliberação e que está monitorando as demais entidades representativas dos municípios.
Nota técnica recomenda máscara em crianças
O movimento da Amesne pela flexibilização do uso de máscara ocorre após o governo estadual publicar um decreto alterando o entendimento adotado até então e retirando a obrigatoriedade da proteção para crianças entre seis e 11 anos. A medida gerou críticas de parcela da população, já que essa faixa etária está entre as últimas a iniciar a vacinação.
Nesta quinta-feira, porém, o Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia Covid-19 publicou uma nota técnica em que "recomenda fortemente" a utilização de máscara pelas crianças desse grupo, da mesma forma que os adultos. Já para a faixa entre dois e seis anos, o uso deve ocorrer de acordo com a tolerância da criança e sob supervisão de um adulto. Abaixo dos dois anos, as máscaras são desaconselhadas.
Apesar do entendimento da Amesne, a nota técnica também afirma que estudos recentes sugerem que até mesmo ao ar livre o não uso de máscaras representa risco, principalmente se uma pessoa contaminada estiver tossindo no ambiente.