Faltando pouco mais de um mês para a data oficial, a prefeitura de Caxias do Sul decidiu nesta sexta-feira (14), em reunião com organizadores, autorizar a realização da folia promovida pelos blocos de Carnaval. A medida será revista caso a situação da pandemia de covid-19 se agrave no município ou o evento seja proibido por meio de decreto estadual. Apesar do aval, os responsáveis pelos blocos precisarão seguir os protocolos sanitários em vigor, determinados pelos decretos municipal e estadual e outras regras.
Uma delas é que os eventos não tenham deslocamento e sejam realizados em um único ponto. Foi sugerido que os blocos ocorram em locais fechados e não em ruas para facilitar no controle de público. Além disso, será exigida a comprovação da vacinação contra a covid-19 dos participantes, organizadores e equipe de apoio. Outras medidas estão sendo alinhadas pelas secretarias municipais da Cultura e do Urbanismo e todas elas deverão ser publicadas na edição de segunda-feira (17) do Diário Oficial do Município.
Dessa forma, segundo a secretária municipal da Cultura, Aline Zili, quem quiser realizar esse tipo de evento na cidade deverá seguir o protocolo específico para atividades de grande porte. Ainda de acordo com ela, a administração municipal entende que a festividade pode ocorrer porque bares, restaurantes e casas noturnas estão autorizados na cidade e também funcionam com regramento semelhante — como é o caso da exigência do passaporte vacinal. Além disso, a Festa da Uva também segue mantida, entre 18 de fevereiro e 6 de março.
— Os eventos, de uma forma privada, estão sendo realizados. Não seria lógico um posicionamento da prefeitura em querer cancelar os eventos do Carnaval. Não queremos ser proibitivos, a não ser, claro, que o cenário mude até lá ou exista decreto estadual que limite a realização dos blocos — explica Aline.
Entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, período oficial do Carnaval, Caxias também realizará a Festa da Uva e os desfiles na Rua Sinimbu. Além disso, o clássico entre Caxias e Juventude, válido pelo Campeonato Gaúcho, ocorrerá no dia 26 de fevereiro. Uma das preocupações levantadas na reunião desta sexta é com o apoio do efetivo dos órgãos de segurança e trânsito para atender toda a programação prevista na segunda quinzena de fevereiro.
Blocos avaliam participação
Apesar do aval, a realização de alguns blocos está sendo avaliada. É o caso do Bloco da Velha, que reuniu 60 mil pessoas na última edição em 2020. De acordo com o organizador do evento, Guilherme Martinato, um posicionamento será divulgado no próximo domingo (16) e anunciará se o bloco será realizado em 2022 ou será adiado para o ano que vem.
— Estávamos aguardando um posicionamento da prefeitura e, mesmo assim, vamos fazer uma avaliação interna se vai acontecer ou não. O cenário nos preocupa e vamos ver até que ponto é válido ter o Carnaval com o quadro que se tem hoje de pandemia. É dessa forma que estamos avaliando — afirma.
Em dezembro, Martinato e representantes de outros quatro blocos se reuniram e lançaram a campanha “Unidos pela Vacina”, como forma de incentivar a comunidade a se imunizar contra a covid-19 para que o Carnaval pudesse ser realizado. Mesmo com o avanço da vacinação, a chegada da variante Ômicron trouxe incertezas para a possibilidade de eventos que impactem em aglomeração.
— Até pouco tempo atrás a situação parecia tranquila, mas agora é necessário rever algumas coisas. Para quem trabalha com evento, isso é uma tortura — afirma ele, que diz também que há recursos captados para o bloco e equipes trabalhando na formatação do evento desde o final do ano passado.
Outro evento incerto é o Bloco da Ovelha. Segundo o organizador, Leonardo Ferrolho, há pouco tempo disponível para readaptar o bloco e a decisão de realizar ou não a folia será anunciada na próxima semana. Em anos anteriores, no mês de novembro, já haviam equipes contratadas e programação definida.
Tradicionalmente, o Bloco da Ovelha se deslocava da Praça das Feiras em direção à Casa Paralela, em São Pelegrino. Entretanto, conforme as regras anunciadas para esse ano, eles avaliam realizar o bloco parado em um dos dois locais.
— Nesse momento, o que estávamos avaliando é se teremos condições de fazer algo diante de um cenário de pandemia que a gente desconhece. Há um desejo de fazer, mas precisamos respeitar o nosso público e a sociedade.
Folia dentro do estabelecimento
No Bar do Luizinho, que chegou a movimentar 20 mil pessoas no evento em 2020, não haverá a realização de bloco de Carnaval neste ano. Segundo o proprietário do bar, Leonardo Santos, será organizado um evento alusivo ao Carnaval, mas dentro do estabelecimento. Atualmente, conforme o PPCI, a capacidade do espaço é de, no máximo, 200 pessoas.
— É dessa forma que vamos trabalhar nesse ano. Não há possibilidade de fazer um evento maior, na rua, então vamos fazer internamente.
Outro evento que será realizado em espaço fechado é o Bloco Ovelha Negra, agendado para os dias 26 e 27 de fevereiro. O bloco ocorrerá em um estacionamento privado na Estação Férrea. Até o momento, segundo o organizador Bruno Morais, foram comercializados cerca de 400 ingressos e a expectativa é reunir entre 3 e 4 mil pessoas nos dois dias.
Segundo ele, as medidas de segurança impostas pela prefeitura permitem a realização de um evento mais seguro. Morais entende que, de qualquer forma, a comunidade vai estar nas ruas durante o feriado de Carnaval, independente se forem eventos autorizados ou não.
— Foi a demanda que levei na reunião. É interessante que o Carnaval aconteça porque nós estamos dispostos a fazer esse controle de público, cobrar a vacinação, para que possamos realizar o evento. Mesmo sem as atividades oficiais, o pessoal vai se aglomerar, curtir em bares e postos de conveniência — avalia.
Escolas de samba cancelam atividade
As escolas de samba de Caxias do Sul, que inicialmente haviam decidido por encontros limitados às comunidades dos bairros da cidade, optaram pelo cancelamento das atividades. Segundo a prefeitura, os responsáveis pelas escolas entendem que a atual situação sanitária inviabiliza a realização da atividade.
Os desfiles não ocorrem há cinco anos. A última escola campeã do Carnaval caxiense foi a Mancha Verde, em 2016. Em 2017, 2018 e 2019 o evento não foi realizado por divergências entre a prefeitura e o setor. Em 2020, antes da pandemia, duas escolas ensaiaram a volta, mas sem apuração de uma campeã.