A audiência pública envolvendo o transporte coletivo na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, nesta quinta-feira (7) à tarde, gerou mais protestos da população em razão do valor da tarifa e pela mobilidade urbana, que afeta a circulação dos ônibus, do que propriamente pelo subsídio de R$ 1 milhão por mês que a prefeitura está buscando aprovar no Legislativo para repassar como ajuda de custo, apesar de indiretamente, à concessionária Visate.
Os valores que serão aportados pelo executivo municipal até o mês de fevereiro giram acima de R$ 4,7 milhões que, hoje, seriam exclusivamente para tentar a manutenção da tarifa no patamar atual, de R$ 4,75. Fato que o secretário municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade, Alfonso Willembring Jr., diz que é preciso comemorar para o próximo ano em caso de não ocorrer nenhum aumento.
Willembring apresentou a planilha para o cálculo da tarifa, que envolve o número de passageiros, valor do diesel, folha de pagamento e outros insumos. Hoje, para que a passagem garantisse o funcionamento do transporte coletivo no município deveria ser pago um valor próximo de R$ 5,30. Por isso, o aporte é considerado essencial para que a concessionária mantenha o serviço. Atualmente, o valor pretendido é de R$ 1 milhão até fevereiro. A estimativa é que em dezembro, janeiro e fevereiro sejam aportados pouco mais de R$ 977 mil, conforme os cálculos de projeções da SMTTM — sem contar a faixa de lucro para a empresa. Esse aporte não seria entregue diretamente para a Visate. No projeto que tramita na Câmara de Vereadores, a expressão utilizada é "vale transporte". Mas o secretário afirmou que será em troca de gratuidades.
— Houve um atrapalho (na escolha do termo). O que pensamos é em aplicar esse recurso no cartão da gratuidades, que seriam para os PCDs e para os idosos. Não vamos entregar o recurso para a concessionária, vamos pagar as gratuidades — explicou o secretário.
Vale ressaltar que o sistema hoje é pago exclusivamente pelos usuários, sem nenhum valor destinado pela prefeitura. No último ano, os números apontaram uma queda de 32% no número de passageiros e, com a pandemia, houve um plano de ajustes para manter o sistema ativo, com redução da frota e de 44% na quilometragem feita pelos ônibus. Para conseguir essa melhora no valor da tarifa, a prefeitura entende que será necessário esse subsídio, nos moldes do que costuma ser feito em outras cidades.
Outro ponto abordado e que voltou à discussão foi justamente a mobilidade urbana da cidade. O destaque foi o pedido para que se retomem as proibições de conversões nas ruas Sinimbu e Pinheiro Machado, algo que foi desfeito pelo governo de Daniel Guerra. Outro pedido ao secretário foi a retomada do Fórum dos Usuários, justamente para que os problemas sejam debatidos de forma mais seguida. Segundo Willembring, ele será retomado. Outra promessa é colocar a tabela de cálculo da tarifa em um site específico da SMTTM, até para dar transparência à população.