Enquanto o novo modelo de pedágios não sai do papel - o que gera a esperança de solução para problemas crônicos - a comunidade dos Campos de Cima da Serra se mobiliza com o objetivo de buscar melhorias para a RS-122, entre Antônio Prado e Campestre da Serra. O trecho de 40 quilômetros serve de corredor para o escoamento da produção da Serra, mas há anos os motoristas convivem com buracos e pontos que podem se tornar uma armadilha.
Um desses trechos é o km 135, próximo do acesso à localidade de Linha Etelvina, em Ipê. O trecho tem uma valeta na lateral da pista, o que agrava acidentes. Para tentar uma solução, o prefeito do município, Cassiano Caon (MDB), se reuniu com a direção do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) na semana passada. O objetivo é firmar um termo de cooperação técnica para que a prefeitura aterre a valeta e proporcione mais segurança a quem trafega pela estrada.
— É uma curva com um "valetão" de 1,5 metro na lateral. Então, o pessoal não consegue vencer a curva e o motorista de caminhão, principalmente, fica preso pela carga. Naquele local já houve várias mortes, inclusive de famílias. Como as obras estão demorando muito, resolvemos trazer para nós o problema. É um trabalho muito rápido, em questão de um dia podemos fazer — projeta o prefeito.
Esse não é o único problema. Ao longo do trecho, buracos voltaram a fazer parte do cenário, após a recuperação realizada entre 2015 e 2016 dentro do Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema Serra). Por isso, a reunião em Porto Alegre também serviu para pleitear melhorias a curto prazo na conservação da rodovia.
— O pessoal do Daer já esteve in loco e viu que não dá para aguardar a concessão — destaca Caon.
Para justificar os pedidos, o prefeito de Ipê apresentou na reunião um levantamento que aponta 32 mortes entre Antônio Prado e Campestre da Serra desde 2015. Os dados foram reunidos pela Polícia Civil, que investiga os acidentes fatais.
— A RS-122 foi asfaltada praticamente sobre o traçado antigo. Não foram retiradas curvas e não foram melhoradas as condições. Ela é estreita e sem acostamento, isso favorece acidentes gravíssimos, com invasões da pista contrária e colisões frontais. Quando ela foi asfaltada, se pensou que ligaria dois municípios, sem imaginar as proporções que ela tomou. Essa estrada passou a ser usada por caminhões — argumenta o delegado regional de Vacaria, Carlos Alberto Defaveri, que produziu o levantamento.
O Daer confirmou que está encaminhando um termo de cooperação técnica para autorizar a prefeitura a fazer as correções no km 135. Sobre a recuperação da rodovia, o órgão disse que dispõe de verbas de custeio para melhorias pontuais.
Melhorias aguardadas com pedágios
Embora nem todas soluções de problemas possam aguardar até maio de 2022, quando está prevista a assinatura de contrato com a concessionária que administrará a RS-122, os pedágios também são vistos como oportunidade de melhorias definitivas na estrada. O modelo proposto pelo Estado não prevê a duplicação entre Antônio Prado e Campestre da Serra, mas contempla acostamentos e acessos, entre outras qualificações.
Na mesma viagem da semana passada à Capital, o prefeito Cassiano Caon também esteve na Secretaria de Parcerias do Estado, responsável por conduzir o processo de concessão. O chefe do Executivo de Ipê apresentou oito demandas da região para o trecho a ser pedagiado, entre elas a implantação de acessos, terceiras faixas e sinalização. Outra demanda é a mudança do local do pedágio do km 132, inicialmente previsto, para o km 152. Caso o pedido seja aceito, o posto de cobrança ficará em área pouco habitada entre Ipê e Campestre da Serra, em vez das proximidades do acesso a Ipê.
— No acesso à localidade de Vila São Paulo, por exemplo, não existe trevo de acesso, o pessoal tem que cruzar a pista. O km 152 é mais ou menos na metade do trecho entre Antônio Prado e a BR-116 e se evita muito o trânsito diário (cobrança de quem precisa utilizar a rodovia diariamente) — destaca Caon.
O modelo de pedágios passou por discussão pública entre 18 de junho e 31 de julho. Agora, a Secretaria de Parcerias analisa os pedidos e sugestões para decidir o que pode ser acatado, inclusive eventuais mudanças de endereço dos pedágios. A expectativa é de que a proposta definitiva saia no fim de agosto.