O início da semana foi marcado pelo atropelamento da analista de marketing Daniela de Lucas, 33 anos, que morreu após ser atingida por um carro na faixa de pedestre em Garibaldi. O fato chama a atenção para o comportamento no trânsito e como a conscientização pode evitar que novas vidas sejam perdidas desta maneira.
Daniela foi atropelada na Avenida Independência quando voltava de uma fruteira. Casada e mãe de uma menina de quatro anos, a analista de marketing foi levada para o hospital, onde foi constatado o óbito. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Diante desse caso triste, o gerente da Escola Pública de Trânsito de Caxias do Sul, Joelson Queiroz, em entrevista à Rádio Gaúcha Serra, na manhã desta terça-feira (24), abordou o papel dos motoristas e pedestres nas ruas.
Segundo Queiroz, os atropelamentos em faixas de pedestre são comuns devido à utilização inadequada do celular, tanto por parte do pedestre, tanto por parte do condutor. Ou seja, essa atenção maior ao aparelho de telefone acaba tirando o olhar que deveria estar direcionado para o trânsito.
— A questão do uso do celular é hoje um dos principais causadores de acidentes e também um dos maiores índices de autuações que nós temos no nosso trânsito. Então, o celular, ele tira o foco do condutor. Lembrando que tivemos uma alteração da lei em 2016, onde a infração por manusear ou segurar o celular passou a ser gravíssima - destaca.
Além deste ponto, ele destaca a localização de algumas faixas de pedestre que, por vezes ,acaba dificultando a visibilidade para o pedestre e também para o condutor. No caso ocorrido no final de semana em Garibaldi, o gerente da Escola Pública de Trânsito pondera que geralmente há pouco movimento nas ruas aos domingos e, por conta disso, o motorista muitas vezes se sente no "direito de andar mais". Já o pedestre se sente mais à vontade para realizar a travessia. Essa combinação gera um risco muito grande aumentando a incidência de acidentes. Nos finais de semana, há também a questão da bebida alcoólica.
— Se observarmos nas operações, a grande maioria dos condutores abordados está sob influência de álcool. Pegando o exemplo da situação de Garibaldi, claro, vai ser investigado, mas já teve uma recusa na hora do atendimento da ocorrência por parte do condutor. Pela recusa (em soprar o etilômetro), ele já foi autuado por se recusar a se submeter a teste - avalia Queiroz.
Em algumas cidades turísticas nota-se um maior respeito aos pedestres. Nas ruas centrais de Gramado e Nova Petrópolis, por exemplo, é normal os condutores pararem o carro para dar preferência para o pedestre na rua. Essa prudência é incomum nas cidades vizinhas como Caxias do Sul. Em relação esse comportamento tão diferente, Queiroz argumenta que se trata de uma questão de educação de ambos os lados: falta respeito do condutor e também do pedestre.
— O pedestre em Caxias não respeita a faixa de pedestre, se observarmos algumas das principais vias, veremos que o pedestre atravessa em qualquer lugar e nem sempre em linha reta. Isso dificulta para o condutor. Em cidades como Gramado, Canela, o pedestre tem um respeito maior em realizar a travessia da via sobre a faixa de pedestres, onde o condutor vai ter essa conscientização maior.
Por fim, ele comenta que, além daqueles motoristas habituados a dirigir, há os condutores que ficam com o carro na garagem durante os dias de semana e saem de casa para fazer um passeio os sábados e domingos.
— Esses últimos têm menos prática na direção do veículo e com o aumento de veículos (em pontos turísticos) no final de semana e esses condutores estando nesse cenário do trânsito, haverá sim um risco maior para a coletividade, mas claro que todos temos o mesmo direito.
Pensando em quais são as alternativas para evitar acidentes, Queiroz ressalta que a fiscalização é necessária, mas que acima dela está a educação.
— Educação, essa palavra educação é muito ampla, porque ela nos remete à empatia e ao respeito com o próximo. Nós não precisaríamos ter fiscalização, mas como nós estamos carentes desse fator educação, precisamos. Se nós não conseguirmos reverter e trabalhar a população no sentido educacional, nós vamos ter que infelizmente refletir mais na parte de fiscalização. Ela é um reflexo das ações e reações da população.
Ouça a entrevista completa: