São apenas 32 quilômetros que separam a área urbana de São Francisco de Paula e a Rota do Sol, no distrito de Tainhas. Percorrer esse trecho da RS-020, porém, se tornou um desafio gigantesco para os motoristas, especialmente os não habituados a circular por ali. Em praticamente toda a extensão, dirigir significa desviar de buracos enormes em locais sem acostamento e cruzar trechos de pavimento completamente irregular. A sinalização também é praticamente inexistente, tornando um desafio a circulação à noite ou em dias de mau tempo.
Para quem trafega da área urbana a Tainhas, os problemas começam exatamente no trevo de acesso à cidade pela Avenida Benjamin Constant, no km 95. Nesse ponto, o asfalto uniforme e sinalizado que caracteriza todo o contorno norte de São Chico, dá lugar a uma rodovia que parece esquecida no tempo. A pintura na pista desaparece e a falta de manutenção no pavimento fica evidente.
Mais à frente, no km 98, é possível perceber que até mesmo as placas, quando existem, estão apagadas ou danificadas. No km 103, próximo a uma empresa de comércio de cereais, as condições da rodovia melhoram, com diminuição na quantidade de depressões na pista e sinalização visível, ainda que desgastada.
Na região do km 110, próximo ao acesso à Serra do Umbu, a rodovia volta a apresentar péssimas condições de conservação, intercalado com trechos mais preservados cerca de três quilômetros à frente. É assim, entre pontos melhores e piores, que a rodovia segue até o km 127, onde se une à Rota do Sol.
Atendente de caixa do Café Tainhas, Vladimir Barcellos Garighan, 51 anos, percorre ao menos uma vez por semana o trajeto. A família mora na sede de São Francisco de Paula e ele acaba passando a maior parte do tempo em Tainhas, para ficar mais próximo do trabalho. Na última sexta-feira (20), quando conversou com a reportagem, ele enfrentou não só os buracos como a neblina, comum na região nessa época do ano.
— De 30 minutos que seria a viagem, levei de 45 a 50 minutos. A estrada está ruim há muito tempo, só estão tapando buraco. Ontem (quinta, dia 19) estavam tapando com pá. Dá muito medo de dirigir porque fica irregular — conta Garighan, acrescentando que a última recuperação da rodovia ocorreu entre 2012 e 2013.
A RS-020 está contemplada no programa de concessões apresentado pelo governo do Estado em junho. Contudo, a responsabilidade dos pedágios irá da Região Metropolitana de Porto Alegre até o km 95, no contorno de São Francisco de Paula. O trecho em más condições ficará de fora.
Para esses 32 quilômetros, o Estado prevê recuperação dentro do Plano de Obras do Programa Avançar, que destina recursos do Tesouro para melhorias de rodovias. Ao todo, a RS-020 receberá cerca de R$ 14 milhões para a recuperação de 95 quilômetros, entre Taquara e Cambará do Sul, passando por São Francisco de Paula. Parte das obras do programa já estão em andamento e todas devem ser concluídas até o fim de 2022.
O Daer informa que já realizou a atualização do contrato e, no momento, aguarda apenas a renovação da licença ambiental, já em andamento, para retomar a obra.