Motoristas que circulam pela RS-122 no contorno norte de Caxias do Sul, também conhecido como trecho urbano da Rota do Sol, encontrarão as tão aguardadas obras de restauro do trecho ao longo do mês de julho. Após anos de expectativa, equipes começaram a trabalhar nesta quarta-feira (7) no km 80 da rodovia, junto ao viaduto de saída para Flores da Cunha. O trânsito fica parcialmente restrito durante as obras.
Ao todo, serão 11 quilômetros de substituição completa do pavimento, entre a saída para Flores da Cunha e o viaduto torto. O trabalho integra o Plano de Obras do Programa Avançar, anunciado pelo Estado há um mês. O pacote destinará R$ 1,3 bilhão de recursos do tesouro para recuperação e conclusão de rodovias estaduais. Para a Serra serão destinados R$ 192,7 milhões para o conserto de todas as estradas esburacadas e o término das chamadas ligações regionais, como a RS-020, entre Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), a destinação de recursos será possível devido à economia gerada pelas reformas e privatizações encaminhadas nos últimos anos.
Na região, a primeira estrada a ser restaurada foi a RS-813, entre Farroupilha e Garibaldi, cujas obras começaram dois dias após o anúncio. A rodovia era a que apresentava as piores condições na Serra. Ao todo, foram recuperados 6,9 quilômetros, com custo de R$ 3,45 milhões. A substituição do pavimento foi concluída nesta quarta e falta apenas a sinalização, que deve ser implantada até esta sexta-feira (9). Por isso, equipes da empresa Encopav, contratada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para a manutenção das estradas da região, se transferiram para o contorno norte de Caxias. Esta etapa está orçada em R$ 3,42 milhões. A última vez que o trecho urbano da Rota do Sol passou por recuperação foi no início de 2018. Na época, o trabalho se concentrou entre a saída para Flores da Cunha e o viaduto com a BR-116. O segmento que passa por obras agora recebeu apenas melhorias em pontos mais problemáticos.
A fase seguinte do pacote de recuperação será na ligação entre Caxias e Farroupilha, outro trecho problemático da Serra. As obras nesse segmento de 9,16 quilômetros podem começar ainda em julho, caso uma nova frente de trabalho seja aberta. A expectativa é de que uma decisão a respeito disso saia até esta sexta-feira.
Além da RS-122 e da RS-813, o Plano de Obras vai contemplar a RS-446, entre São Vendelino e Carlos Barbosa, a RS-453, entre Farroupilha e Garibaldi e a Rota do Sol, entre Lajeado Grande e Tainhas (veja abaixo). Em todos os casos, o trabalho consistirá no recapeamento completo da rodovia e não somente tapa-buracos ou reparos pontuais.
Restauradas e concedidas
Por incluir os principais trechos de rodovias da Serra, o Plano de Obras também contempla trechos que serão pedagiados a partir do próximo ano, como é o caso da própria RS-122. Dessa forma, a concessionária tende a receber o trecho em condições melhores do que as atuais.
A justificativa do governo do Estado para a decisão é de que a realização de obras prévias evita uma tarifa mais alta de pedágios, já que o custo das obras iniciais da empresa que assumir as estradas será menor. Além disso, o contrato deve ser assinado em maio de 2022 e é preciso que haja condições mínimas de trafegabilidade até lá.
Depois da chuva, o caos
A situação nas estradas da Serra que já era ruim ficou ainda pior após o período de chuva contínua das últimas semanas. Nesta quarta-feira, a reportagem contatou um aumento no número de buracos em pontos que já costumavam desafiar motoristas.
O contorno norte de Caxias do Sul é um deles. Praticamente todo o segmento entre o viaduto torto e a saída para Flores da Cunha, o pior de toda a RS-122, apresenta buracos enormes, como na região do bairro Cidade Industrial. As deformações na pista também são um problema grave e prejudicam a estabilidade dos veículos, especialmente em alta velocidade.
— Piorou e muito. A estrada está péssima, abandonada. A Serra está abandonada. Já estourei três pneus nessa estrada — reclama o representante comercial Sidnei Rosati, 65 anos, que circula de quatro a cinco vezes por dia pelo contorno norte de Caxias.
Outros pontos da Serra apresentam condições igualmente ruins. Entre Caxias e Farroupilha, o destaque é para o entorno do pelotão do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), onde buracos grandes se multiplicaram e uma motociclista chegou a sofrer uma queda nesta quarta. No sentido Farroupilha-Caxias, motoristas apelam ao acostamento para fugir das crateras. As regiões de Forqueta, em Caxias, e de Linha Julieta e da saída para Porto Alegre, em Farroupilha, também exigem cuidado redobrado.
Na RS-453, entre Farroupilha e Garibaldi, há pontos com buraco e asfalto deteriorado em toda a extensão, com destaque para o entroncamento com a RS-448 e o acesso a Bento Gonçalves pela localidade de Barracão. Do trevo de barracão até o entroncamento com a BR-470, o asfalto apresenta boas condições, mas falta sinalização.
A RS-446, entre Carlos Barbosa e São Vendelino também apresenta péssimo estado em toda a extensão. Onde o asfalto passou por recuperação, a sinalização não foi aplicada. Buracos e ondulações se espalham por diversos pontos, entre eles as proximidades das áreas urbanas dos dois municípios.
Recuperação de rodovias - Programa Avançar
Região 3
- RS-453 - 11 quilômetros no contorno de Caxias do Sul: R$ 3,42 milhões
- RS-122 - 9,16 quilômetros de Farroupilha a Caxias do Sul: R$ 1,7 milhão
- RS-453 - 17,96 quilômetros de Bento Gonçalves a Farroupilha: R$ 1,78 milhões
- RS-446 - 8,84 quilômetros de São Vendelino a Carlos Barbosa: R$ 1,37 milhão
- RS-122 - 11,83 de São Vendelino a Farroupilha: R$ 1,19 milhão
- RS-813 - 6,91 quilômetros no Desvio Blauth: R$ 3.45 milhões
- RS-851 - 9,72 de Serafina Corrêa ao Rio Carrero: R$ 1,49 milhão
- RS-126 - 4 quilômetros de Ibiraiaras a São Jorge: R$ 800 mil
- RS-020 - 7 quilômetros de Cambará do Sul a Taquara: R$ 11,7 milhões
- RS-453 (Rota do Sol) - 40 quilômetros entre Lajeado Grande e Tainhas: R$ 4,85 milhões
- RS-110 - 74 quilômetros da Várzea do Cedro a Bom Jesus: R$ 4,71 milhões
- RS-453 - 3,4 quilômetros não especificados: R$ 650 mil
- RS-444 - 2 quilômetros em Monte Belo do Sul: R$ 1,94 milhão
Região 2 (que inclui trechos de estradas da Serra)
- RS 446 - 6 quilômetros de São Vendelino a Carlos Barbosa: R$ 929,9 mil
- RS 122 - 9 quilômetros de São Vendelino a Farroupilha: R$ 907,3 mil
- RS 452 - 5,44 quilômetros de Bom Princípio a Vila Cristina: R$ 1.78 milhão
- RS-020 - 18 quilômetros de Cambará do Sul a Taquara: R$ 2,29 milhões
- RS-452/RS-826 - 4 quilômetros de Feliz a Alto Feliz: R$ 2,32 milhões