Mais uma vez a pandemia dá amostras de arrefecer na Serra gaúcha, quando consideramos os números sobre a capacidade de atendimento. Uma redução bastante lenta, mas contínua. Na última quinzena, registra-se queda de 21,1% na ocupação dos leitos de UTI, por pacientes positivos para o coronavírus, considerando os dados não fechados de sexta-feira (2). De 308 internados em regime de tratamento crítico no dia 17 de junho, baixou para 243 na sexta.
A queda em leitos clínicos é maior, quando comparado ao pico da onda de junho registrada no dia 12. Eram 418 internados naquela oportunidade, caindo para 291 nesta sexta-feira, redução de 30%. Os dados são animadores, porque apresentam declínio, só que ao mesmo tempo é preciso cautela. As taxas caem de forma lenta e precisam que o alerta se mantenha para que as ocupações cheguem a patamares considerados "normais" e o alerta imposto pelo Gabinete de Crise do Governo do Estado seja levantado na região.
Esses dados já vinham animando o comitê técnico da Amesne, mas com a ressalva de que mais de 60% dos pacientes em UTI são positivos para covid-19. Outro dado considerado otimista à região é o declínio de casos positivos por 100 mil habitantes. Desde o dia 21 de junho vem caindo gradativamente e esse é o dado que mais animador, afinal, é o início da cadeia que culmina com hospitais lotados: aumento de casos, mais internações em leitos clínicos e estourando na ponta dos leitos críticos. Na sexta eram 279 novos casos para cada 100 mil moradores.
Em Bento Gonçalves, até sexta-feira, o Hospital Tacchini trabalhava com um paciente acima da capacidade máxima: 46 internados, tendo 45 leitos fixos de UTI. Outro alento é a redução de pessoas procurando atendimento na tenda específica para sintomas respiratórios, pois a esperança é a de que em breve esses patamares voltem ao fluxo da capacidade para atendimento.
— A gente costuma fazer análise e predições com base da constância da manutenção desses números em decréscimo. A expectativa para os próximos 15 dias é que o atendimento no fas-track fique abaixo de 30 pessoas por dia e que a gente consiga retomar ao patamar que tínhamos ao longo dessa pandemia que é de 45 pacientes em regime de UTI. Isso é importante para dar o giro assistencial e reocupar algumas áreas como o bloco cirúrgico e a sala de recuperação (atualmente adaptadas para pacientes críticos) — avalia a médica Roberta Pozza, diretora da divisão hospitalar do Tacchini Sistema de Saúde.
Entre os municípios da Serra, equipados com leitos de UTI, a pior situação no SUS é a de Canela, que mantém estabilização em 93% nos últimos quatro dias, e Farroupilha, com redução nos leitos críticos de 108% para 87% e manutenção da ocupação nos leitos clínicos próxima a 90%. Já em Caxias, existe uma queda nas ocupações de forma muito lenta e contínua para tratamento de alta complexidade. Nesta sexta-feira, segundo os dados da Secretaria Estadual da Saúde, a ocupação de leitos em tratamento crítico é de 74,5%.