Desde de 17 de março, a Unidade Básica de Saúde (UBS) São Vicente, em Caxias do Sul, passou a ser um centro de referência para atendimentos de síndromes respiratórias na cidade. O serviço segue no local, mas a partir desta terça-feira (18), os pacientes não contam mais com o atendimento de três médicos que haviam sido cedidos pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). Isso porque, o convênio entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o sindicato encerra após os dois meses previstos pela parceria, firmada devido ao avanço da pandemia registrado em fevereiro. Assim, a UBS São Vicente segue com três médicos do município, que continuam atuando na unidade. Outros dois já foram contratados e devem começar ainda essa semana e, além disso, a SMS está em busca de um terceiro profissional.
A secretária da Saúde, Daniele Meneguzzi, ressalta que o reforço e a parceria com o sindicato foram essenciais, uma vez que o Centro de Referência ajudou a desafogar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que estavam superlotadas e têm que atender demais demandas, além de covid-19. Daniele lembra ainda que quando o município registrou aumento significativo de casos, a prefeitura procurou o empresariado e obteve apoio em diversas frentes para conter a disseminação do vírus, como a doação de equipamentos, testes e serviços:
— Um dos pedidos foi a cedência de médicos que trabalhavam em grandes empresas para reforçar o atendimento em um centro de referência. Com o fim do contrato, a UBS segue com o serviço com atendimento de profissionais do município, e continua sendo referência para casos de covid-19. Foi uma parceria valiosa e que nos permitiu fortalecer o atendimento e ampliar a testagem, que é importante para o controle do contágio.
Ela ressalta que a UBS continua atendendo no mesmo modelo e no mesmo horário, das 7h30min às 20h, sendo que pacientes passam por triagem e consulta, e também fazem testagem rápida se o quadro de saúde exigir, ou seja, caso apresentar sintomas da covid-19.
— Tivemos certa dificuldade na reposição de médicos, mas temos dois médicos já ingressando na UBS ainda nesta semana. A SMS também vai buscar parcerias e convênios com demais sindicatos para fortalecer esse combate aos casos de covid-19. Temos agendamento para evitar aglomerações e caso esteja próximo ao horário da unidade fechar, que não tem como atender determinado paciente ainda naquele dia, encaminhamos para a UPA Zona Norte, que foi o que ocorreu na segunda-feira (17) à noite — explica Daniele.
Outro fato, segundo ela, que pode impactar no serviço prestado pela UBS é que tem aumentado o número de pessoas que procuram atendimento no Centro de Referência.
— Temos percebido nos últimos dias que aumentou a procura por atendimento de pessoas com sintomas gripais, e, consequentemente, o tempo de espera aumenta também. Passamos de uma média diária de 70 a 80 consultas para 115 consultas. Para se ter uma ideia, na sexta-feira (14), 167 pessoas foram atendidas, e destas 68 foram testadas para covid-19. Seguimos em alerta porque temos estabilidade, mas há uma leva de aumento dos casos — destaca.
O Simecs e o Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás) doaram 30 mil testes de covid-19, oito monitores para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e 24 bombas de infusão ao município.
Conselho relata demora no atendimento
O Coordenador do Conselho Local de Saúde, da região Centro, Luiz Carlos de Azevedo, esteve na UBS São Vicente na noite de segunda-feira (17) depois de receber informações de que não havia médico atendendo na unidade. Conforme ele, segundo relatos de funcionários da UBS, que têm a identidade preservada, foi registrado tumulto, e a Guarda Municipal foi acionada porque havia movimento intenso e demora de atendimento.
— Estavam somente com os funcionários da UBS, e só um médico cedido pelo Simecs. No decorrer da tarde, todos foram agendados para serem atendidos entre hoje (terça) e amanhã (quarta). Os que chegaram, após às 17h30min, eram orientados a seguir para a UPA Central, pois não havia médico noturno. Após ter recebido denuncia, fui até ali, e não tinha médico para atender à noite, havia uma enfermeira e uma técnica em enfermagem — afirma Azevedo.
Já o diretor da Guarda Municipal, Alex Oliveira Kulman, afirma que a viatura foi solicitada pela gerência da UBS para manter o patrulhamento, como tem sido realizado em outras UBSs. A guarda tem sido chamada até mesmo para organizar o fluxo e evitar aglomerações:
— Foi solicitada pela gerente uma viatura da Guarda para prevenção e manter o patrulhamento, mas nada de anormal como agressão ou depredação .
Atendimentos depois das 20h e aos finais de semana
Pacientes que precisarem de atendimento depois das 20h ou no final de semana deverão buscar a UPA Central ou a UPA Zona Norte. De segunda a sexta, a São Vicente segue sendo referência para pessoas com sintomas de síndrome gripal, ou seja, quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, secreção nasal, perda de paladar ou olfato e diarreia. Em idosos, observa-se também desmaios, sonolência excessiva, confusão mental e fraqueza.
Além do Centro de Referência, todas os postos de saúde de Caxias continuam atendendo casos leves de síndrome gripal. Para as UPAs, devem ir apenas pacientes com condição de saúde grave.