Com capacidade para servir até 200 refeições presenciais por dia, o Restaurante Popular de Caxias do Sul está atendendo a uma média diária de 150 pessoas, em uma adesão que aumenta gradualmente desde que o serviço de almoço, vendido a R$ 1, voltou a funcionar, em novo endereço, no bairro Nossa Senhora de Lourdes. No intuito de abranger ainda mais pessoas em situação de vulnerabilidade, a Associação Mão Amiga, que administra o espaço em parceria com o Poder Público, idealizou o projeto Moeda do Bem.
Dentro de aproximadamente um mês, as moedas de plástico estarão prontas para serem comercializadas em pontos da cidade, no valor de R$ 1, sendo válidas, apenas, para troca por uma refeição no Restaurante Popular. Com isso, ao invés de doar dinheiro, os motoristas que são abordados nos semáforos poderão doar as moedas confeccionadas pelo projeto.
De acordo com o frei Jaime Bettega, a iniciativa tem como objetivo garantir que o valor despendido por quem doa seja, seguramente, destinado à alimentação estas pessoas em situação de vulnerabilidade, e não a outras finalidades, como o consumo de drogas, por exemplo.
— A moeda vai circular para resolver o problema da fome. Se a pessoa pede dinheiro para comprar comida, ela poderá receber a moeda e trocá-la por um almoço. Se tinha costume de gastar com drogas, vai ter de achar outra saída — afirma o frei.
Bettega afirma que parcerias com postos de combustíveis e com o comércio da cidade estão sendo buscadas para que estes locais se tornem pontos de comercialização das novas moedas.
Abordagem social
Desde que o projeto Moeda do Bem começou a ser pensado, passando, inclusive, pela Fundação de Assistência Social (FAS), a abordagem social das pessoas que pedem ajuda nos semáforos de Caxias do Sul também começou a ser pensada.
— O ponto é justamente este: a partir do momento em que essas pessoas chegam ao Restaurante Popular, vamos buscar entender quais são as necessidades delas e de que forma podemos agir, seja com destinação de cesta básica, com o encaminhamento a um curso profissionalizante ou uma vaga de emprego. Queremos conhecer as pessoas que estão nas sinaleiras e fazer algo por elas — comenta o frei Jaime.
Uma equipe de voluntários está sendo formada e será preparada pela FAS para atuação no projeto. Interessados podem entrar em contato pelo telefone/ Whats App (54) 98428-4536.
— Vamos capacitar essas pessoas para fazer estas abordagens, para que façam um questionário e também informem os demais serviços que estão disponíveis à população em situação de vulnerabilidade. Será um trabalho conjunto bem importante para o município, uma forma objetiva de conscientizar a população e ofertar alimentação, que é um direito básico — afirma a presidente da FAS, Katiane Boschetti da Silveira.
Segundo ela, não é possível identificar o que aqueles que pedem nos semáforos acabam fazendo com o dinheiro que recebem, nem quantos estão atuando hoje na cidade.
— O que temos oficialmente são os dados do Cadastro Único. Percebemos um aumento da quantidade de pessoas pedindo dinheiro nas ruas, mas nem todas elas estão em situação de rua. A pandemia fez com que muitas pessoas que têm moradia acabassem buscando na rua alternativas de sobrevivência — observa a presidente.