Uma nova remessa de medicamentos do chamado kit entubação chegou a sete hospitais da Serra e a um dos Campos de Cima da Serra na quinta-feira (25). Essas medicações são necessárias para manter pacientes sedados, em tratamento, nas unidades de terapia intensiva (UTIs). Apesar dos lotes auxiliarem os hospitais e, em alguns casos, até amenizar a falta de medicamentos por alguns dias, os estoques de outras medicações continuam limitados.
Dessa vez, foram entregues ampolas de morfina a seis instituições de saúde. São eles, São Roque, em Carlos Barbosa; Virvi Ramos e Unimed, em Caxias do Sul; São Miguel Arcanjo, em Gramado; e Hospital de Nova Petrópolis, que fazem parte da região da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde. Nessa lista também está o Hospital de São Francisco de Paula (confira as ampolas). Já o Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, recebeu norepinefrina, e o Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul, recebeu o repasse de 250 ampolas de lidocaína. No repasse anterior, HG, Virvi Ramos, Tacchini, São Roque, São Carlos, São Pedro, Arcanjo São Miguel e Hospital de São Francisco de Paula, receberam Propofol, Atracúrio e a Epinefrina.
Para se ter uma ideia, o Virvi Ramos recebeu 2.940 ampolas de morfina, mas diante do cenário atual é pouco. De acordo com o hospital, tem se usado em média 400 ampolas por dia, sendo que a morfina já é um sedativo alternativo. O medicamento não é a primeira opção do protocolo, uma vez que o hospital usa midazolan.
No Hospital da Unimed, a situação é a mesma. Conforme a instituição, ao mesmo tempo em que a morfina ajuda porque é uma medicação usada em pacientes críticos, há uma série de outras medicações que são usadas e não estão sendo repassadas pelo governo. Ainda segundo a direção, o hospital está em busca de diferentes fornecedores para poder manter os estoques e atender os pacientes diante do aumento de casos de coronavírus e da internação de pacientes em UTI.
No HG, que recebeu lidocaína, a remessa também ajuda e, em Nova Petrópolis, que recebeu morfina, as ampolas também auxiliam nos tratamentos por alguns dias. Segue limitado, no entanto, o estoque de demais medicações do kit entubação, sendo que há remédios para oito dias, segundo a direção.
Já o Tacchini anunciou a suspensão das cirurgias oncológicas porque está com baixo estoque de medicamentos, sendo que um deles, o atracúrio, acabou na quinta. Por isso, a instituição só consegue atender aos pacientes internados. O hospital recebeu norepinefrina que, segundo a instituição, é um medicamento usado no controle da pressão sanguínea em certos estados graves de hipotensão. Esta é uma condição que tem sido comum aos pacientes graves com covid-19 e a dose depende da condição clínica e características do paciente. Ainda conforme a direção, a dose diária de média de norepinefrina contínua para um paciente é 20 ampolas. A medicação dura cerca de 15 dias, mas apenas esse medicamento não ajuda porque a medicação é usada com demais remédios. Sem eles, ela não tem utilidade.
Nesta semana, administradores de hospitais consultados pela reportagem relataram escassez dos produtos do chamado "kit entubação" - sedativos, relaxantes musculares e bloqueadores neuromusculares usados para realizar o procedimento para respiração mecânica. A preocupação em zerar os estoques já é realidade na Serra. Os administradores e diretores relataram que o Ministério da Saúde tem "confiscado as medicações", sendo que na semana passada, o governo federal requisitou aos fabricantes todo o estoque de medicamentos usados para a entubação de pacientes. O Ministério ficará responsável pela distribuição para hospitais e UPAs do país, conforme a necessidade. A seleção dos hospitais é feita com base em um formulário, que é preenchido semanalmente com a indicação dos quantitativos à disposição. Como há poucas doses, apenas os hospitais com estoques zerados recebem a medicação:
"A responsabilidade pela compra desses medicamentos é das instituições hospitalares, não fazendo parte da rotina da Assistência Farmacêutica do Estado. No entanto, frente à dificuldade de aquisição no país e ao aumento da demanda desde o ano passado, o governo do Estado e o Ministério da Saúde se articularam para comprá-los excepcionalmente e distribuí-los às instituições com estoques críticos e que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS)", diz o governo.
Repasse
Morfina
:: São Roque - 20 ampolas
:: Virvi Ramos - 2.940 ampolas
:: Unimed - 1.640 ampolas
:: São Miguel Arcanjo - 170 ampolas
:: Nova Petrópolis - 560 ampolas
:: São Francisco de Paula - 70 ampolas
Norepinefrina
:: Tacchini - 1.300 ampolas
Lidocaína
:: HG - 250 ampolas