A equipe da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Caxias do Sul prendeu, na tarde desta quinta-feira (3), uma mulher que estaria envolvida no caso de linchamento que resultou na morte de Arlindo Elias Pagnoncelli, 39 anos, em Nova Prata. Segundo a delegada Liliane Pasternak Kramm, que conduziu o inquérito sobre o caso, ela foi o pivô do espancamento e mentiu para a polícia dizendo que tinha sido importunada pela vítima.
A prisão ocorreu em uma rua no bairro Cinquentenário, em Caxias, no começo da tarde. A jovem de 21 anos deslocava de carro quando foi abordada pelos policiais que tinham mandado de prisão preventiva contra ela expedido pela Justiça de Nova Prata. Ela foi encaminhada ao presídio de Caxias. Há pelo menos um registro policial anterior envolvendo a mulher por suspeita de uso de nota falsa.
A delegada Liliane explica que essa mulher estava com uma adolescente de 14 anos no dia 8 de novembro, em Nova Prata, quando Pagnoncelli teria importunado a adolescente. Diante do fato, segundo a delegada, a jovem instigou o namorado e os familiares dele para agredirem Pagnoncelli e também participou das agressões.
O homem foi golpeado até depois de perder a consciência. Ele morreu após passar 10 dias internado na UTI de hospital em Vacaria. A Polícia Civil concluiu a investigação responsabilizando 17 pessoas. Nesta quarta, a delegada remeteu o inquérito à Justiça indiciando 10 adultos pelos crimes de homicídio, lesão corporal seguida de morte, omissão durante o linchamento, corrupção de menores e falso testemunho. Desses, cinco tiveram a prisão preventiva decretada – quatro já foram presos e um homem permanece foragido. Ainda, entre os agressores há pelo menos sete adolescentes, cuja investigação já foi remetida à justiça.
Segundo a delegada, pelo menos 40 pessoas participaram do linchamento, entre os 17 que foram responsabilizados e outros mais de 20 que assistiram ao fato e não interviram. Todos foram identificados, com exceção de uma pessoa, mas não serão responsabilizados pela omissão.
– Essa mulher presa hoje conclamou a população. E as pessoas saíram batendo. Ela instigou fortemente. No final da investigação, restou claro que ela não foi tocada nem assediada. A menina diz que foi tocada (por Pagnoncelli) e a família dela também diz. Provavelmente, ela (mulher presa) tenha tomado as dores da menina, fez a família se inflamar de ódio. A família, inicialmente, não faria nada se ela (presa) não estivesse ali – ponderou a delegada.
Do suposto ato de Pagnoncelli em relação à adolescente até o início das agressões se passaram 1h40min. Para a delegada, isso significa que a ação do linchamento foi pensada pela mulher presa hoje.
Sobre a participação de um policial militar no espancamento, a delegada diz que, de 17 pessoas apontadas como responsáveis, foi pedida a prisão das cinco que atuaram mais decisivamente para a morte de Pagnoncelli, que não foi o caso do PM. Ele agrediu a vítima no primeiro momento, mas não foi autor dos golpes desferidos quando a vítima estava em frente a prefeitura e que culminaram na morte, segundo a delegada.
O inquérito já está sob análise do Ministério Público de Nova Prata.