A polícia concluiu ontem o inquérito que investigou as circunstâncias da morte de Arlindo Elias Pagnoncelli, o Zinho, 39 anos, em Nova Prata. A investigação levou ao indiciamento de 10 adultos pelos crimes de homicídio, lesão corporal seguida de morte, omissão durante o linchamento, corrupção de menores e falso testemunho. Sete adolescentes foram responsabilizados por homicídio. A polícia ainda tenta confirmar a participação de uma ou duas pessoas no crime.
Cinco investigados tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Três foram presas e ainda falta cumprir dois mandados de prisão. O nome dos envolvidos não foi divulgado.
A brutalidade do crime, que ocorreu na noite de 8 de novembro, repercutiu em todo o Estado. Pagnoncelli morreu no último dia 18, após 10 dias internado em um leito de UTI em Vacaria. Supostamente, a vítima foi espancada após ter importunado sexualmente duas mulheres.
Segundo a polícia, houve o envolvimento de 40 pessoas no caso, entre pessoas que agrediram a vítima ou testemunharam o crime e se omitiram. A Polícia Civil também indiciou um policial militar de Caxias do Sul.
A delegada responsável pelo caso, Liliane Pasternak Kramm, prefere não revelar em qual crime ele enquadrado por entender todos os envolvidos tiveram participação efetiva no caso.
– Não podemos individualizar a conduta de um único indivíduo – alega Liliane.
Como o servidor da Brigada Militar (BM) teria cometido um delito na condição de civil e sem relação com o trabalho na corporação, ele responderá na Justiça comum. O caso também será tratado pela corregedoria da BM, mas inicialmente na esfera administrativa.
O crime
O tumulto aconteceu na praça da Avenida Fernando Luzatto, no centro da cidade, quase em frente à prefeitura, local conhecido como um ponto de encontro noturno e, consequentemente, palco de badernas, segundo a BM. O linchamento foi filmado por diversas testemunhas. As imagens mostram a vítima sendo agredida com socos e chutes.
Pagnoncelli era solteiro e trabalhava como lixador de mármore em uma mineradora havia 20 anos. Após a morte, houve protesto de amigos e familiares da vítima no local do crime.