Três pessoas foram presas e outra é considerada foragida pelo linchamento de Arlindo Elias Pagnoncelli, 39 anos, conhecido como Zinho, em Nova Prata, na serra gaúcha. Segundo a Polícia Civil, eles responderão por homicídio qualificado.
Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos na manhã desta sexta-feira (27) em Nova Prata, Vista Alegre do Prata e Flores da Cunha. Os nomes dos presos não foram divulgados.
Uma quinta pessoa investigada não pode ser presa devido à legislação eleitoral, que veda prisões neste período — a suspeita é eleitora em Caxias do Sul, município que tem segundo turno no domingo (29). Já o foragido estaria em Santa Catarina, segundo a Polícia Civil.
O inquérito policial busca identificar mais de 40 pessoas que participaram ou testemunharam o espancamento do lixador de mármore na praça central da cidade, na noite de 8 de novembro. Duas mulheres alegam terem sido importunadas sexualmente por Pagnoncelli, o que teria motivado o início das agressões.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na quarta-feira (25), a delegada Liliane Pasternak Kramm, responsável pelo caso, afirmou não existir certeza de que houve essa importunação sexual.
— Não existe certeza (sobre o assédio), não dá para ver (nas imagens de câmeras de monitoramento) essa "passada de mão" que ela fala. Não há convicção absoluta — afirmou.
A Polícia Civil identificou sete adolescentes e oito adultos que participaram diretamente do ataque contra Pagnoncelli. Alguns deles serão indiciados por lesão corporal.
Um destes investigados é um policial militar de Caxias do Sul. Ele estava em Nova Prata para acompanhar uma mulher que é parente das moças que alegam terem sido importunadas. O PM, que estava de folga, aparece armado nas imagens e agride Pagnocelli com socos.
A investigação colheu mais de 40 depoimentos sobre a confusão, sendo que os principais envolvidos prestaram três depoimentos cada. A delegada Liliane relata que houve muitas contradições nos relatos, o que atrasou o trabalho policial.
Relembre o caso
O tumulto aconteceu na praça da Avenida Fernando Luzatto, no centro de Nova Prata, quase em frente à prefeitura, local que historicamente é conhecido como ponto de encontro noturno e, consequentemente, palco de badernas, segundo a Brigada Militar (BM). O linchamento foi filmado por diversas testemunhas.
As imagens mostram Pagnoncelli sendo agredido com socos e chutes por diversas pessoas. Mesmo caído e desacordado, a vítima continuou a ser espancada.
Pagnoncelli era solteiro e trabalhava como lixador de mármore em uma mineradora havia 20 anos. Ele foi socorrido e encaminhado para um hospital de Vacaria, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia 17 de novembro.