A morte de Arlindo Elias Pagnoncelli, 39 anos, é motivo de investigação na Polícia Civil do município de Nova Prata, na Serra. O homem morreu na tarde de terça-feira (17), em um hospital de Vacaria, cerca de 10 dias após ser espancado na praça central de Nova Prata. Cerca de 40 pessoas atacaram Pagnoncelli, conhecido por familiares e amigos como Zinho, por volta das 22h30min de 8 de novembro. Ele foi encaminhado para o hospital da cidade, mas acabou sendo transferido para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital vacariense por conta do estado de saúde agravado. Na noite das agressões, um domingo de tempo firme, muitas pessoas estavam reunidas no local.
Segundo a titular da Delegacia de Polícia Civil em Nova Prata, delegada Liliane Pasternak Kramm, uma confusão se iniciou a partir do momento em que Pagnoncelli teria importunado duas mulheres. O relato feito à polícia por parte dos envolvidos é de que ele teria dito frases inadequadas. Não está clara a forma como ele teria agido.
— As moças e familiares delas foram tomar satisfação com ele. Depois disso, pessoas resolveram fazer suposta justiça pelas próprias mãos e a situação tornou-se sem controle. Praticamente 40 pessoas agrediram ele com chutes, pontapés e socos. Inclusive, bateram na vítima já deitada e desacordada. Estamos buscando a responsabilidade de todos e identificação de cada um deles — diz.
Imagens de câmeras de segurança são analisadas pela Polícia Civil e cerca de 40 pessoas foram chamadas para prestar depoimento. Nas imagens, não há confirmação sobre a possível conduta inapropriada da vítima.
—É uma clara tentativa de homicídio porque bater em alguém que está desacordado não mostra dolo ou intenção de lesão e sim de contribuição para um falecimento — afirma.
Conforme Liliane, havia conhecidos da vítima entre os integrantes do grupo agressor. Segundo a delegada, imagens mostram uma pessoa quebrando uma garrafa. Além disso, um homem aparece com uma arma na mão, mas ainda não há confirmação sobre a relação com o fato.
— Alguns até mesmo acompanhavam a vítima e, depois, participaram injustificadamente desta agressão. Já temos a certeza de que várias pessoas que o agrediram faziam parte do grupo de amigos — cita.
A polícia também apura uso de bebida alcoólica e entorpecentes por parte dos envolvidos.
"Espancaram simplesmente por espancar", diz prima
Denise Pagnoncelli, prima da vítima, afirma que algumas pessoas alegaram motivos para a conduta, mas que outros o espancaram sem razão.
— Tudo começou com uma família dizendo que o Zinho teria assediado. Não tem prova nenhuma e nada que sustente essa versão. Há imagens muito fortes que mostram que havia intenção de matar e que nada tinham a ver com o acontecido. Uma moça gritou chamando pessoas para bater nele, ele conseguiu fugir só que a moça chamou novamente e, em cerca de 200 metros de distância, ele foi atacado de novo. As pessoas que gritavam estavam embriagadas e virou uma histeria coletiva. O Zinho era uma pessoa muito extrovertida, não tinha motivo para uma agressão assim. — diz Denise.
Conforme Denise, um dos agressores pisou na cabeça da vítima e outros aplaudiam enquanto ele agonizava.
— Alguns amigos tentaram ajudar, mas também iriam apanhar do grupo. Um moço até colocou o carro na frente para dispersar as pessoas. Se não fosse isso, eles teriam batido mais. A cachorrinha dele (da vítima) tentou defendê-lo, foi agredida também e está com a pata quebrada — conta.
Pagnoncelli trabalhava em uma empresa de basalto na cidade, era solteiro e morava com a irmã. O corpo foi encaminhado do hospital de Vacaria para o Departamento Médico Legal (DML) em Passo Fundo. A estimativa é de que chegue a Nova Prata por volta das 16h desta quarta-feira. O velório será no Salão São Pelegrino, em Nova Prata, e o enterro em Fazenda Pratinha.