Primo Strapazzon era daqueles que estava sempre disponível para estar com os amigos, ainda mais se fosse uma janta para jogar conversa fora. Um homem simples, que dedicou quase toda a vida para extração de basalto. Porém, aos 66 anos, ele acabou contraindo o coronavírus. No dia 22 de junho, faleceu na UTI do Hospital Beneficente São Pedro, de Garibaldi. Foi a primeira e, até o momento, a única vítima da cidade de Nova Prata.
— Foi muito rápido. Uma pessoa tranquila, que gostava das amizades, ele gostava de viver, sabe? Teve esse processo todo e levou ele de nós — afirma Dago Zilli, amigo e chefe.
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Strapazzon nasceu em São Jorge, na Serra Gaúcha, mas foi em Nova Prata que ele construiu sua vida e sua família. São sete filhos que viram os grandes exemplos e seguem esses ensinamentos do pai:
— Mesmo com seu jeito rígido criou seus filhos e os educou com muita responsabilidade. Nos ensinou e transmitiu princípios de serenidade,simplicidade e honestidade — afirmam.
Os conhecimentos de Strapazzon também ajudou muito a família Zilli. Ele trabalhou por muito tempo para eles e criou um nível afetivo que ia bem além de um vínculo trabalhista. Foi Strapazzon quem viu a possibilidade de que haveria um bom negócio na propriedade de Dago, se apostasse na extração do basalto.
— Ele trabalhou a vida inteira com isso e a gente tem essa oportunidade da natureza, de ter uma terra com a pedreira em cima. Ele conhecia e veio lá, me explicou todo o processo, disse que a gente tinha uma riqueza. Começamos numa brincadeira e se prolonga até hoje — conta Dago.
Os primeiros sintomas apareceram no mês de maio. Strapazzon foi internado no hospital de Nova Prata após se sentir mal e os exames apresentaram anormalidades nos pulmões. Ele foi liberado três dias depois, mas não demorou para regressar ao hospital, com uma síndrome respiratória mais grave. O quadro deteriorou rapidamente, o diagnóstico deu positivo para a covid-19. Na primeira semana de junho, os médicos decidiram interná-lo na UTI de Garibaldi. Strapazzon não resistiu à agressividade do coronavírus.
— Infelizmente, um fim que a gente não imaginava. Eu queria ir buscar ele com vida em Garibaldi, mas não foi possível — conta Dago, dizendo que a situação pegou todos de surpresa.
A covid-19 fez mais uma vítima e criou mais um vazio para os amigos e também para a família.
— Dono de um coração enorme. Ele deixa um vazio inestimável em nossos corações e a dor de não poder proporcionar uma despedida digna que ele merecia — ressalta Morgana Strapazzon, junto dos seus outros seis irmãos.