A comunidade onde fica a unidade da JBS do bairro Ana Rech, em Caxias do Sul, está preocupada com o surto de covid-19 na empresa. Da mesma forma, os funcionários da empresa, que tem 1.699 trabalhadores.
Leia mais
Ministério Público do Trabalho propôs TAC com frigorífico que tem surto da covid-19 em Caxias do Sul
Segundo a presidente da Associação dos Moradores (Amob) Parque dos Pinhais, Tânia Onzi Zago, são 400 moradores na região e cerca de 50% trabalham no local.
– Estamos todos preocupados. Aqui no bairro temos quatro casos no momento de covid-19. Todos trabalham ou tiveram contato com trabalhadores da JBS. Mas, acreditamos que tenha mais. Ainda temos aqueles casos que as pessoas ficam com medo de contar, para evitar discriminação – relatou a líder comunitária.
Tânia conta que pediu ao Serviço Municipal de Água e Esgoto (Samae) uma desinfecção no bairro e também no Loteamento Ballardim, como foi feito no domingo nas redondezas da JBS.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Alexandre da Silva, também expressou temor em relação a uma espécie de vila que existe praticamente junto à sede da empresa e cujos moradores são na maioria empregados da JBS.
– Entregamos um documento no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) para que solicite a interdição da JBS – disse Silva, referindo-se ao pedido de cessamento das atividades para contenção do surto.
A reportagem também conversou com um trabalhador que prefere não ter o nome divulgado por medo de represálias. Ele conta que, há cerca de uma semana, a empresa colocou barreiras no setor de produção e no refeitório, entre outras medidas de segurança.
– Acho que demorou demais. Antes do primeiro caso ser confirmado, tinha sete suspeitos em abril. Eu tenho medo porque tenho filhos. Eles abafam muito. Não sabemos o que de fato está acontecendo. E eles não testam os funcionários – conta o trabalhador.
O funcionário conta ainda que os contaminados na empresa trabalham em diferentes setores. E que o transporte é feito por meio de uma van, em que as pessoas mantém os vidros fechados, o que acha muito perigoso, e que muitos não parecem preocupados com a gravidade da situação.
– O pessoal está com medo. A gente está ali porque precisa trabalhar, mas não se sabe o que pode acontecer daqui para a frente – declara o funcionário.