As aulas da rede estadual de ensino entram em uma nova fase nos próximos dias. Isso porque o Governo do Rio Grande do Sul colocou a plataforma do Google Classroom à disposição de alunos e professores com intuito de fazer com que o ano letivo não seja perdido. A adaptação ao novo sistema começou ainda na segunda-feira, mas em Caxias, o modelo terá ampliação a partir desta quinta-feira (4).
— Na primeira quinzena (do mês), os professores entregam o material para os alunos das mais variadas mídias que já foram utilizadas ou impressa. A partir do dia 15 de junho, alunos e professores estarão se ambientando a essa plataforma. Nela, também teremos sala de professores, recreio, o SOE, a sala da direção. Será uma escola dentro de uma plataforma online — afirma a titular da 4ª Coordenadoria Regional de Ensino (CRE), Viviani Devalle.
Segundo Viviani, a forma como as aulas serão estipuladas aos alunos passam pela definição de cada professor. Segundo ela, alguns fatores precisam ser observados para que as atividades sejam síncronas — com professor e alunos conectados ao mesmo tempo — ou assíncronas:
— Levando em consideração a realidade da sua turma. De repente, só tem um smartphone na família e são dois alunos, então precisarão compartilhar. Mas isso será gerenciado pelos professores.
Além dos espaços de sala de aula e administrativos, outras opções de materiais ficarão disponíveis. Dentro da plataforma haverá uma biblioteca de conteúdos, que será abastecida durante o tempo, levando em conta a matriz referência de conteúdo que foi elaborada com os conteúdos mínimos que devem ser trabalhadas em cada disciplina. Porém, com a adaptação necessária durante a pandemia, algumas situações na programação inicial também serão ajustadas.
— Como é um ano letivo atípico, não vamos dar conta tudo que é previsto no referencial curricular gaúcho. Então redigimos um documento, onde está descrito disciplina por disciplina, ano a ano, o mínimo que os professores devem trabalhar com os alunos em sequência — diz Viviani.
Neste período de adaptação também será feito um levantamento de quantos alunos não têm qualquer tipo de acesso à internet, segundo a 4ª CRE. Depois, através de parcerias do governo estadual, serão disponibilizados pacotes para que os estudantes consigam acessar aos links dos conteúdos na plataforma digital.
Processo adiantado em algumas instituições
Apesar de o período de adaptação iniciar nessa primeira quinzena de junho, a maioria das escolas da rede estadual na região já conseguem manter um contato mais próximo com os alunos e passando os conteúdos curriculares. No Instituto Cristóvão de Mendoza, até mesmo a plataforma do Google Classroom já era parte do cotidiano.
— Os alunos estão utilizando algumas plataformas digitais. Temos grupos no WhattsApp, onde enviamos algumas tarefas, temos um site Google, onde os professores disponibilizam conteúdos, e alguns que já utilizam o Classroom. Novidade para a escola não é. Vivemos uma era digital e essas tecnologias já são utilizadas — diz a diretora do Cristóvão de Mendoza, Roseli Maria Bergozza.
Segundo a gestora, o levantamento de quantos alunos na escola ainda não têm acesso à internet ainda está sendo feito e deve ser confirmado na próxima semana. Mesmo que o material seja disponibilizado impresso na sala dos professores da instituição, a procura tem sido pequena. Dentro das adaptações, alguns alunos copiam o material dos sites e das tarefas passadas nas plataformas, fazem no caderno e enviam o exercícios respondidos através de fotos.
Em toda a rede estadual, serão 37 mil salas de aulas virtuais criadas. A nova realidade faz com que os conceitos da educação mudem, inclusive, a forma da comunicação entre alunos e estudantes não serão mais os mesmos.
— A educação é um fenômeno social. Ela acontece no olhar, no afeto e no acolhimento. Fazer a educação de longe, é complicado. Tanto que há vários relatos de alunos falando para os professores da saudade que sentem das aulas. E a gente sabe que esse contato é importante. Pedagogicamente, não sei avaliar qual o impacto que isso terá. Os professores foram impulsionados para uma mudança digital, que antes estava adormecida — diz Roseli, avaliando a adaptação digital como um caminho sem volta:
— Muitos professores que eram imigrantes (não criados no mundo digital), se sentiram forçados a buscar um conhecimento que não tinham. Isso é positivo e não tem como não continuar avançando.
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