A construção de oito salas cirúrgicas no complexo de saúde junto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bento Gonçalves, no bairro Botafogo, deve ficar pronta no primeiro trimestre do ano que vem. Essa é a estimativa do secretário municipal da Saúde, Diogo Siqueira.
Embora a perspectiva seja de conclusão de todas as salas ao mesmo tempo, no máximo três deverão ser utilizadas em um primeiro momento.
— Como ainda não temos a ala de internação para o pós-operatório, não há por que colocar todas as salas de cirurgia em operação — comenta o secretário, acrescentando que todas ficarão prontas ao mesmo tempo para garantir a utilização dos recursos da obra neste momento e já ter a estrutura para quando a ala de internação começar a funcionar.
Sem os leitos de internação, que serão implementados em uma oportunidade futura, os procedimentos que serão realizados nestas salas serão simples, eletivos (não de urgência) sem necessidade de alojar os pacientes em hospital na fase de recuperação. Um exemplo são cirurgias oftalmológicas, hoje realizadas até fora de Bento Gonçalves, como no município de Feliz, no Vale do Caí. A perspectiva, portanto, é de desafogar também hospitais de outras cidades que recebem pacientes de Bento para procedimentos como esses.
A equipe que trabalhará nas cirurgias, segundo Siqueira, será colocada de uma forma semelhante à que tem sido feita para diminuir a fila por consultas com especialistas no município, que está pagando clínicas particulares para atender pacientes pelo SUS.
A capacidade de atendimento mensal do centro cirúrgico ainda não é estipulada pelo secretário. Para ter uma ideia de comparação, o Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, tem 10 salas de cirurgia, onde até 1,1 mil cirurgias são realizadas por mês, entre pacientes do SUS e de planos privados, sendo feitas tanto as eletivas como as de urgência.
Para manter as salas cirúrgicas, que devem começar a funcionar no primeiro trimestre do ano que vem, serão buscados recursos federais e estaduais, mas o secretário destaca que também vai tentar o apoio dos municípios do entorno.
— Chegamos ao ponto de comemorar recursos do Estado que vêm atrasados. Os municípios têm de se dar conta de que, cada vez mais, eles terão de colocar recursos próprios na saúde. E nós vamos buscar o apoio de outros municípios que vierem a se referenciar em Bento Gonçalves para esse serviço — defende.
Conforme Siqueira, atualmente Bento Gonçalves sustenta com recursos próprios diversos serviços feitos no SUS para pacientes de outras cidades. Inclusive, a UPA III atende moradores de outros municípios da região. Do custo de cerca de R$ 1,4 milhão por mês, R$ 750 mil são recursos federais, R$ 250 mil do Estado e o restante bancado pela prefeitura de Bento, sem contar os serviços de apoio existentes no Complexo de Saúde do qual a UPA faz parte, como os exames.
Os serviços que serão prestados também no futuro hospital pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ficam atualmente a cargo do Hospital Tacchini. A nova estrutura, quando a primeira parte da ala de internação ficar pronta, terá capacidade semelhante à do Tacchini para atender pacientes da rede de saúde pública, segundo Siqueira, dobrando portanto a quantidade de atendimento pelo SUS em Bento.
— A ideia é que, no futuro, esse novo hospital atenda uma população de 250 mil pessoas. Ele é pensado para daqui a décadas. Os hospitais da nossa região hoje já não dão conta de todos os atendimentos. Precisamos de planejamento e de mais hospitais na Serra.
Obras iniciaram em 2011
A construção do chamado Hospital do Trabalhador começou em 2011 e avança lentamente desde então. O projeto é complexo e, além da construção da UPA, que servirá como uma porta de entrada para o hospital quando ele estiver funcionando, também já teve concluídas as partes de exames clínicos e Centro de Especialidades Odontológicas, que foi concluído em 2016 e começou a funcionar em 2018.
Depois disso é que foi licitada a construção do centro cirúrgico com as oito salas, o que vai custar cerca de R$ 5 milhões, sendo 50% em recursos federais e 50% em recursos do município.
Permuta permitirá continuidade às obras
Para a próxima etapa do hospital — a ala de internação com os leitos — o município irá começar pela conclusão da obra externa, parada desde 2012, com pintura e esquadrias, fase orçada em R$ 727 mil. Para essa obra, três imóveis municipais serão permutados com a empresa construtora, a exemplo do que o Estado fez para viabilizar a construção do novo presídio em Bento. Esses terrenos, sendo dois no bairro Ouro Verde e um no Fátima, já foram avaliados e corresponderão à metade do pagamento à empresa pela obra, sendo entregues ao final dos trabalhos. A outra metade será paga com recursos da prefeitura.
— Dessa forma, não vamos depender da liberação de órgãos do Estado ou da União, como a Caixa Federal, para obtermos os recursos, já que tudo sairá dos cofres do município. Esse modelo poderá abrir portas para outros municípios fazerem o mesmo — defende Siqueira.
A abertura de propostas das empresas interessadas está marcada para o dia 9 de julho, às 8h30min. O prazo máximo previsto para conclusão da obra é de 210 dias.
Depois dessa obra, será necessário ainda fazer a parte interna do prédio e colocar os leitos e equipamentos diversos. Essas etapas futuras não têm uma previsão exata para ocorrer.