A família de Maria Vergilina Moreira da Fonseca, 71 anos, que morreu na tarde desta quarta-feira na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte, em Caxias do Sul, alega que houve negligência no atendimento prestado. A idosa foi levada até a unidade por volta das 14h. Cerca de 1h30min depois, enquanto aguardava para ser chamada na triagem, ela passou mal e perdeu os sinais vitais ainda na recepção. Indignados, os familiares afirmam que se ela tivesse recebido um atendimento rápido poderia ter sobrevivido.
— Minha mãe poderia estar viva se fosse atendida assim que chegamos aqui. Nada vai trazer ela de volta, mas não gostaria que outra família passasse por uma situação assim. Fica uma sensação de impotência — lamenta Tanise Daniela Fonseca, 40, uma das filhas da idosa.
A idosa se sentiu mal logo após o almoço, quando reclamou de dores nas pernas e frio. Com histórico de problemas cardíacos e respiratórios, os familiares decidiram, então, levá-la até a unidade, distante alguns metros da residência dela, no bairro Santa Fé. Ao chegar no local, o sobrinho de Maria, Alexsandro Moreira Fabro, 35, alega que foi em busca de uma cadeira de rodas para a tia que já não conseguia mais caminhar. Depois, precisou passar pela parte do cadastro e aguardar para que a triagem fosse feita. O óbito, de acordo com a família, foi comunicado por volta das 15h50min.
— A pressão estava baixa demais, ela estava gelada, até falava, mas enrolava a língua. Chegamos aqui rápido, mas aí me falaram que a prioridade é bandido que chega aqui baleado. Como isso? Minha tia era uma idosa, se estivesse bem não a traria até aqui. Isso não pode acontecer. Queremos que a polícia investigue o motivo de deixarem minha tia morrer na recepção — desabafa Alexsandro, que levou a tia até a UPA.
Conforme a assessoria de imprensa do Instituto de Gestão e Humanização (IGH), que administra a UPA, a mulher chegou caminhando até a unidade e passou pelos procedimentos normais de atendimento. A entidade alega que a idosa não apresentava sinais visíveis de que estivesse em situação crítica. O IGH afirma que no mesmo minuto em que a idosa passou mal na recepção, uma equipe da triagem já iniciou os procedimentos e ela foi deslocada até o setor de emergência. Mas, não foi possível restabelecer os sinais.
A entidade, porém, não liberou informações do prontuário de atendimento e nem informou o horário em que a idosa deu entrada na unidade. A família afirma que irá registrar um boletim de ocorrência para que o caso seja investigado pela Polícia Civil.