Que engraçado! Estamos a quatro dias de completar 140 anos da Imigração Italiana no Estado e os descendentes ainda sofrem bullying por parte da sociedade. Isso porque nem todos herdaram o sotaque de gringo e também porque grande parte da população não nasceu em cidades como Caxias do Sul, Garibaldi ou Antônio Prado.
Talvez a incidência da fala peculiar se concentre mais na zona rural, mas é só juntar a família que as características se tornam mais evidentes. Seja o "ere" ou o "errre", risadas, imitações e preconceito surgem.
E não precisa ir muito longe, é só conversar com o meu pai, o Orides, no telefone, que acabo falando como ele.
Outra característica do povo daqui é perguntar de qual família é, ou seja, antigamente todos se conheciam e os sobrenomes eram mais populares. Por exemplo, você é Palandi ou Novello, então já se sabia de quem era filho. Mas as pessoas que não são da região acreditam que esse questionamento é por status.
Aqui em Caxias, a família Dorigatti é de Fazenda Souza, interior do município, e quando perguntam: fulano é teu parente? Eu sempre respondo: eu não conheço, mas é parente sim!
Confesso que quando comecei a frequentar a escola, não gostava muito do meu sobrenome. Isso porque constam muitas letras e sempre (até hoje) é preciso soletrar.
Convivemos com praticamente as mesmas pessoas, não percebemos a maneira como falamos, mas é só estarmos em outra cidade que é percebido na hora.
A valorização da região é clara, seja pelas festas regionais, seja pelos projetos de lei. Serafina Corrêa já tem o talian como língua co-oficial desde 2009 e os estudantes têm aulas do dialeto nas escolas municipais. Bento também está com um projeto sobre o assunto em discussão.
Essas propostas valorizam o legado deixado pelos colonizadores.
Para finalizar, o gringo ainda é chamado de "mão de vaca" por ter a tradição de economizar e sempre ter um dinheirinho guardado. E se trabalha em uma grande empresa? Então ganha muito bem, deve ter muito dinheiro guardado.
Dá raiva, mas dá um orgulho!
Opinião
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