Gilberto Blume: talvez acessemos conteúdos menos sanguinolentos, mas a sanguinolência não sairá de nós

Cheguei na redação ontem e deparei com a lista abaixo. A lista traz os 10 assuntos mais lidos no pioneiro.com no fim de semana.

Eis a lista dos top 10:

1. Motociclista que estaria disputando racha na BR-116 morre em Caxias
2. "Ele era alegre e adorava motos", diz mãe de adolescente morto em acidente em Caxias
3. Carro com cinco pessoas cai em ribanceira em São Marcos
4. Homem passa mal e sofre acidente de carro em Caxias do Sul
5. Identificados os cinco feridos em acidente na ERS-129 em Casca
6. Adolescente morre no hospital após acidente com moto em Caxias
7. Corpo de jovem que havia se afogado em barragem de Farroupilha é encontrado
8. Em 24 horas, dois são esfaqueados em Caxias do Sul
9. Após bater carro em árvore, homem é preso por embriaguez em Flores
10. Adolescente de 15 anos é morto a facada em Bento

Não questiono as escolhas do leitor, afinal, cada leitor lê o que lhe der na telha.
Tem gente que entra numa sessão com Shakespeare e sai enlevado; outros assistem ao BBB, e é o quanto basta.

Tem para todos nesse mundo de entretenimento e de informação, e a escolha é livre, felizmente.

Independentemente das preferências do leitor, a mim chama muito a atenção o conteúdo das notícias mais lidas: mortes, acidentes, assassinatos, afogamentos, desavenças.

É o mundo cão se impondo, sem limites e, pior, acelerando forte.

Chama a atenção que todos os 10 temas listados acima são relacionados a tragédias. Tragédias, diz a lista claramente, são deveras mais atrativas do que qualquer outro assunto.

Tudo isso em pleno fim de semana de Páscoa, assunto solenemente ignorado frente ao cardápio oferecido.

O mundo da internet permite que brinquemos com um dito famoso: me diga o que acessas que te digo quem és.

Você clica onde quiser.

Mesmo que você acesse conteúdos mais, digamos, edificantes, não tenho esperança alguma de que num futuro próximo o mundo cão ceda lugar a um pouco mais de humanidade.

Talvez nós passemos a acessar conteúdos menos sanguinolentos, mas a sanguinolência não sairá de nós tão cedo.