A situação na sala de espera do Pronto Atendimento 24h na tarde desta segunda-feira, em Caxias, era desconfortável. Não bastasse o calor de quase 30º que era amenizado com apenas um ventilador (o ar condicionado estava desligado e o outro ventilador desligado), apenas um médico consultava pacientes por volta das 15h. Um cartaz fixado na porta do Postão confirmava a disponibilidade de um único plantonista. Ele indicava que situações de emergência e urgência são prioridade. Segundo profissionais da enfermagem, o paciente aguarda, em média, de 6h a 8h para ser consultado.
- Eles nos disseram que ia demorar. Mas não imaginava que seria tanto- lamentava Ezequiel Oereira, 24, que procurou atendimento após sentir fortes dores em uma hérnia.
Assim como Ezequiel, a jovem Magda Cichelero, 23, aguardava em pé por atendimento desde às 8h30min. Ela teve uma convulsão e foi orientada a procurar a UBS do bairro Fátima, onde mora. Entretanto, recebeu a orientação de ir até o Postão já que a UBS estava sem médico.
- Mas ninguém nos disse que aqui só teria um médico. Implorei pra enfermeira me atender logo, mas ela disse que o jeito é esperar - lamentava.
A secretária municipal da Saúde, Dilma Tessari, diz que está buscando uma solução legal para tentar suprir a falta de médicos registrada no Postão de forma 'emergencial e urgentíssima'. Ela pretende reunir nesta semana os médicos para entender o tamanho do problema.
- Este assunto é emergencial e urgentíssimo, está sendo trabalhado entre nós. Mas não consigo fazer reunião com todos eles hoje (segunda-feira). Vou conseguir esta semana, preciso de um tempo - alega, justificando que a solução não é simples, uma vez que a área pública tem uma série de passos legais.
- Estou chamando os contratos emergenciais. Tem gente em férias, licença saúde, licença prêmio e não se tem reposição - declara a secretária, dizendo que estão sendo estudadas com o setor jurídico outras formas emergenciais para suprir o quadro.
Conforme Dilma, a falta de médicos no Postão é crônica, mas há períodos em que piora.
- Os concursados é menos fácil que se demitam, mas existe também. Os emergenciais desistem mais fácil, porque fazem especialização, residência médica, e mudam de cidade ou por remuneração melhor. O número hoje de médicos é só um retrato, porque como entram, saem - justifica a secretária, que nesta segunda-feira se reuniria com o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) em busca de uma solução.
A secretária diz que a carga de 12 horas atuais dos médicos _ os antigos têm 20 horas _ não é bom para o município, porque é necessário o dobro de profissionais.
Dilma destaca, ainda, que não é fácil trabalhar no pronto-atendimento, por ser o local que atende urgências e emergências.
- O médico tem que estar apto - reforça.
No Postão são atendidas em média de 500 a 600 pessoas por dia.