O Rio Grande do Sul clama por ajuda. O Estado está devastado física e emocionalmente. Não há clima e nem condições logísticas para disputas de futebol no território gaúcho nas próximas semanas. O Caxias ficará um período sem atuar na Série C do Campeonato Brasileiro. Até o momento, só dois jogos foram disputados pelo clube grená na competição nacional.
O zagueiro Dirceu, um dos jogadores mais experientes do elenco, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (8), e comentou sobre a atitude da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em adiar os jogos dos gaúchos.
—Não teria ambiente e até emocional. Hoje, nós temos coisas que, a meu ver, significam muito mais do que um jogo de 90 minutos, que é o lado humano, o lado da empatia, o lado de você olhar para o lado das cidades vizinhas e ver que está tudo embaixo d'água. Então, realmente é um assunto muito delicado, muito complicado, mas eu concordo com essa medida tomada pela CBF — comentou Dirceu.
Por conta de toda a situação enfrentada pelo Rio Grande do Sul, há um debate nacional para paralisar todas as competições e não somente os jogos dos gaúchos.
— Tomar uma decisão dessa, eu imagino que não seja muito fácil, porque as pessoas que lá estão, no mais alto nível, tem que buscar alguma certa imparcialidade. Obviamente, um senso de justiça para manter uma igualdade em relação à disputa da competição, que mesmo sendo de segundo plano, não tem que ser esquecido, não pode ser esquecido nesse momento. Eu acho que o melhor seria parar tudo — afirmou o zagueiro grená, que completou:
— A parada pode ser benéfica ou não para nós. Pode ser melhor ou não para nós, deixa de ser igual a partir do momento que há essa desigualdade. Então, se a minha opinião fosse pesada, seria para parar dentro de um lado moral também.
Momento delicado
Dirceu não teve familiares afetados com problemas das chuvas em Caxias do Sul, mas em São Leopoldo, primos dos zagueiro tiveram que sair de casa.
— Eu tenho familiares de São Leopoldo, que tiveram que evacuar, sair de suas casas para se proteger. Tudo muito rápido, uma coisa de certa forma surpreendente. Em questão de duas, três horas, o volume de água cobre a porta de entrada das suas casas. Então, é uma coisa assim difícil de compreender, porém é a realidade na qual nós nos encontramos hoje, mas graças a Deus saíram bem, estão todos bem, todos seguros — contou Dirceu, que completou sobre as ações de doações para os atingidos pela enchente:
— A gente, juntamente com o clube aqui, desde o princípio, nós temos feito muito dentro das nossas limitações, volto a repetir, o clube abriu as portas aqui para arrecadar donativos, nós do departamento de futebol nos unimos ali para que na nossa maneira a gente conseguisse ajudar de alguma forma, estivemos presentes em alguns pontos até para colocar a mão na massa mesmo, para ajudar num serviço mais braçal, porque é o que de fato faz a diferença nesse momento.