Um dos maiores ícones do futebol partiu na noite de sexta-feira (05). Morreu, aos 92 anos, Mário Jorge Lobo Zagallo, o único ser humano a levantar quatro vezes a taça da Copa do Mundo, duas como jogador (1958 e 1962), uma como técnico (1970) e outra como coordenador técnico (1994). A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
Em sua vitoriosa carreira, tanto como atleta e treinador, o Velho Lobo teve passagens por Caxias do Sul. A última foi em 9 de maio de 2001, quando era treinador do Flamengo, seu último clube nesse cargo. Na época, veio à cidade para a partida de volta das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Juventude. O Rubro-Negro carioca tinha a vantagem por ter vencido o primeiro jogo no Maracanã por 2 a 1.
Diante de um Estádio Alfredo Jaconi em festa, o Ju conseguiu devolver o placar. Com gols de Dauri e João Marcelo, o time, que na época era comandando por Hélio dos Anjos, venceu por 2 a 1 e levou a partida para os pênaltis. No entanto, a equipe de Zagallo se deu melhor na marca da cal e venceu por 3 a 2, garantindo a vaga às quartas de final. Depois, o rubro-negro foi eliminado pelo Coritiba.
Formado nas categorias de base do Juventude, o atacante Luciano Fonseca, o Marreta, foi titular naquela noite. Em entrevista ao Pioneiro, o ex-jogador relembrou da partida. Ele foi um dos três jogadores que perdeu pênalti na decisão.
— Foi um grande jogo, dominamos a partida. Poderíamos ter feito o resultado durante a partida, criamos muitas oportunidades. Foi uma grande festa aquele dia aqui na cidade, mas o Flamengo era um grande time — relembrou o ex-jogador do Ju.
Na época, além do treinador que foi campeão mundial com o Brasil em 1970, time do Rio de Janeiro contava com nomes como Júlio César, que seria titular nas copas de 2010 e 2014, Juan, que disputou os mundiais de 2006 e 2010, o paraguaio Carlos Gamarra e o sérvio Dejan Petkovic. Sobre o Velho Lobo, Marreta destaca que era um treinador muito enérgico, que chegou a pedir uma marcação forçada nele.
— Sempre folclórico, agitado na beira do campo, motivando os atletas, principalmente na hora da decisão dos pênaltis. É sempre muito marcante tu ver treinadores (como Zagallo) — contou Marreta, que não se recorda de outros encontros com o Velho Lobo.
Agora trabalhando como treinador do sub-15 do Juventude, Marreta considera Zagallo um dos técnicos mais importantes da história do futebol mundial, e uma referência para ele que está iniciando na carreira.
— Foi um dos personagens que mais representou a Seleção Brasileira, recordista de títulos mundiais tanto como atleta e parte na comissão (técnica), é o único tetra. Ele é um orgulho para nós que vivemos do futebol, tanto como ex-atleta como agora, que trabalho no Juventude como jogador, ele é um exemplo de patriotismo para quem trabalha no futebol.
No dia 11 de maio de 2001, o Pioneiro publicou uma entrevista exclusiva com o Velho Lobo. Dentre diversos assuntos, falou sobre a lendária seleção de 1970, que para muitos é considerada uma das maiores da história.
— A última organização que a gente pode chamar de futebol-arte aconteceu em 70 — disse, na época.
O último adeus ao ídolo brasileiro do futebol mundial será no domingo (7), às 9h30min, aberto ao público. O sepultamento está marcado para o mesmo dia, às 16h, no Cemitério São João Batista, no bairro Botafogo.