O dia 26 de junho de 2024 ficará guardado para sempre para Luiz Gustavo da Silva Machado Duarte. Você não deve estar ligando o nome à pessoa. Ele é Mandaca, volante de 22 anos do Juventude. Foi dele o gol da vitória, de virada, por 2 a 1, sobre Flamengo aos 41 minutos do segundo tempo no Estádio Alfredo Jaconi na Série A do Brasileiro.
— Fico feliz pelo gol. A gente vinha ali martelando. O goleiro dele vinha fazendo bastante defesa difíceis. Não sei como é que ele conseguiu pegar aquelas bolas ali. Mas eu fui feliz, em poder fazer o gol e dar a vitória pro nosso time — declarou o jogador.
O atleta pertence ao alviverde, com contrato até 2025. Quando chegou ao Juventude, Mandaca era volante. Mas com o técnico Roger Machado, o jogador mudou um pouco a sua função. Agora, ele atua como um meia e chega bem mais na área adversária.
— É uma posição ali que eu venho me adaptando um pouco. O Roger vem me passando confiança e vem falando que quando eu for pra outro clube vai ter que ressaltar ele, porque ele que criou essa posição aí pra mim. Mas fico feliz por isso — contou Mandaca.
AS ORIGENS
O apelido o jovem do Juventude ganhou ainda na infância na cidade de João Pessoa-PB. O nome vem do bairro onde morava, Mandacaru, um cacto que pode chegar aos seis metros de altura.
— Um grande amigo me deu e um apelido que gostei. No futebol é raro um Luís Gustavo. Mandaca é diferente, carrego o nome do meu bairro, valoriza o local de onde vim. Lá que comecei a jogar, na escolinha JN. Mais para evitar a garotada de ir para o mundo errado, comecei no terrão e dei lá os primeiros passos — revelou o jogador ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
"Mandacaru quando fulora na seca é um sinal que a chuva chega no sertão"
Ícone da música brasileira, Luiz Gonzaga já cantava pelo nordeste: "Mandacaru quando fulora na seca é um sinal que a chuva chega no sertão". A flor de mandacaru é sinônimo de força, resistência e esperança. Na temporada passada, na campanha do acesso à Série A, Mandaca teve muito dessas características. Ele começou bem o Gauchão, mas uma lesão muscular que o fez ter persistência para voltar. No jogo do acesso contra o Ceará, ele teve força para superar a marcação e dar um passe certeiro para a esperança virar celebração, assim como a chuva no sertão. Ao olhar para o passado, ele vê que todo esforço valeu, inclusive o de sua mãe Irani.
— Minha mãe sempre me apoiou. Eu não parava em casa, tinha dia que eram três jogos com campo e futsal. Mas isso é atrás de um sonho. Enfrentei muita dificuldade, não tinha dinheiro para pegar o ônibus e ir treinar. Minha mãe pegava a bicicleta do meu avô para ir no treino. Isso me marcou muito, ela me levava ao treino de bicicleta e na chuva. Eu chorava em casa querendo ir para o treino e ela dizia que eu não ia perder o treino. Jamais vou esquecer, dava uns 20 minutos de bicicleta — contou.
ARREPENDIMENTO E SONHO
Ainda na escolinha Mandaca percebeu que seria jogador de futebol. Após os treinos, ele ficava um tempo a mais das atividades buscando se aprimorar. A primeira oportunidade em um time profissional foi São Paulo Crystal, de João Pessoa, em 2019. No ano seguinte foi para a base do Corinthians e integrou o sub-20. Na equipe paulista, ele tem um arrependimento.
Meu sonho é ver como é o futebol na Europa, vivenciar um pouco, deve ser surreal o nível lá fora.
MANDACA
Volante do Juventude
— Tenho um arrependimento de não ter vivido muita coisa no Corinthians. Três jogos no profissional não consegui aproveitar muito em 2021. Queria ter tido mais oportunidades, muitos torcedores nem me conhecem. Foi um arrependimento não ter aproveitado. Lá convivi com Fábio Santos, cara muito gente boa, cara muito resenha — refletiu Mandaca, que também tem um sonho:
— Sonho jogar um dia a Champions. Meu sonho é ver como é o futebol na Europa, vivenciar um pouco, deve ser surreal o nível lá fora. Também ganhar um Brasileiro, Gauchão, Copa do Brasil, marcar a vida com títulos.