O time do Juventude ainda não convenceu o torcedor de que 2023 será um ano diferente. Mas pelo menos, no início da nova temporada, um atleta já caiu nos braços da torcida alviverde. Contratado para solucionar o problema da camisa 9, o centroavante Rodrigo Rodrigues é o artilheiro da equipe de Celso Roth com seis gols em oito jogos. O goleador só fica atrás, por um gol, de Pedro Henrique na artilharia do Gauchão.
O goleador caminha a passos largos para se transformar em mais um ídolo da papada. Situação que poderia ser diferente, caso Rodrigo tivesse escolhido outro caminho quando ainda era criança, em Fortaleza.
— Eu sempre gostei muito de jogar bola. Então, quando cheguei aos 10, 11 anos, eu já pensava como ia ser, mas teve aquela fase onde você pensa se vai ou não dar certo, se faz alguma outra coisa da vida. Mas quando tive a oportunidade de ir pra São Paulo, foi onde mudou totalmente minha cabeça. Foi ali que decidi que era isso que eu queria — revelou o artilheiro.
As dificuldades só aumentavam na vida do cearense que, bem como muitos nordestinos, buscavam uma vida diferente na maior cidade do país.
— Além do clima, a cultura, as formas de tratamento eram bem diferentes. Quando cheguei em São Paulo, peguei um pessoal que era bem fechado, diferente do nordestino, que é mais acolhedor. Então, estranhei os primeiros meses. Além disso, tinha saudade de casa e da família. Saí de Fortaleza aos 14 anos, fui para o Palmeiras, onde fiquei por quatro anos e, dali, pro Bahia, onde fiz meus últimos anos de base — apontou.
Depois de atuar nas categorias de base do Palmeiras e do Bahia, Rodrigo Rodrigues deixou sua marca em times como Atlético-GO e CSA, seu antigo clube. Em Alagoas, o jogador fez 20 gols na temporada passada e, aos 26 anos, despertou o interesse do Verdão.
— Houve um contato do Juventude quando estava acabando a Série B. Eu ouvia o que estava rolando de bastidores de negociação. Na época, só houve o contato, e quando me reapresentei no CSA, eles tiveram um breve contato, bem diferente do primeiro. Eu já demonstrava interesse em sair do CSA. Quando houve o segundo contato, foi uma coisa bem rápida, decidi em poucos dias. Um clube que tinha vontade de jogar, de conhecer. Então, fiquei muito feliz, empolgado e deu tudo certo — destacou o camisa 9.
Inspiração em ex-jogador grená
Para ser hoje um dos goleadores do Campeonato Gaúcho, Rodrigo Rodrigues teve que trabalhar muito para chegar a este patamar. E ainda contou com a inspiração em um ex-jogador conhecido do rival, o Caxias, para chegar nesta fase com a camisa 9. Washington Stecanela Cerqueira foi destaque nas categorias de base do Caxias na década de 90, antes de brilhar em times como o São Paulo, Fluminense e Athletico-PR.
— Claro que tem aqueles que já encerraram carreira e que fizeram a gente pegar boas referências como o Washington, que é daqui. Vi vários jogos deles, um jogador técnico, se posicionava bem dentro da área — afirmou o artilheiro, que além do Coração Valente, buscou outras referências para atuar no ataque:
— Às vezes você tem que pegar várias referências, e não uma só. Na minha função tinha o Ronaldo, vi bastante jogos deles. O Lewandowski, o Benzema, são caras que vejo jogar e considero que são os melhores — indicou.
Decisão em Ijuí
Na quinta-feira (23), todas as atenções alviverdes estarão voltadas para a estreia do time de Rodrigo Rodrigues na Copa do Brasil. Contra o São Luiz, às 19h, no estádio 19 de Outubro, o Ju joga por um empate para avançar de fase e, tendo um Ca-Ju na próxima semana, pelo Gauchão, o jogador garante que o foco não pode ser dividido.
— Vão ser dois jogos difíceis, mas é um passo de cada vez. É uma das decisões, é sempre uma atenção a mais, um capricho a mais. Primeiro temos que focar na Copa do Brasil. Quando voltarmos, é virar a chave pro Gauchão com o clássico. Esperamos estar 100% para jogar esse campeonato à parte — garantiu.
E com a certeza de quem encontrou o lugar certo, Rodrigo tem a possibilidade agora de passar a escrever, com gols, seu nome na história da Copa do Brasil e, quem sabe, superar a marca de 20 gols ao fim desta temporada.
— Espero que sim. Estou trabalhando forte e bem pra isso acontecer. Espero que a gente, nos próximos jogos, tenha boas apresentações. Com certeza isso vai me ajudar a ter mais oportunidades para fazer gols e ajudar o Juventude.