Sempre às vésperas de um clássico, quando uma das equipes está numa fase ruim, os dirigentes dos clubes costumam falar em “fato novo” para mudar o ambiente e aumentar a concentração de seu time para o duelo. Pois o Juventude terá um fato novo no clássico Ca-Ju desta segunda-feira, às 20h, no Estádio Centenário. O pedido de demissão de Celso Roth, após a eliminação do Ju para o São Luiz, pela primeira fase da Copa do Brasil, foi aceito pela direção alviverde.
A missão de comandar o time interinamente no clássico ficou a cargo do auxiliar técnico Adaílton Martins Bolzan. O fato só não será totalmente novo, porque na temporada passada o Verdão também chegou a disputar um Ca-Ju com interino na casamata. Eduardo Barros dirigiu o time no empate sem gols no Alfredo Jaconi, também válido pela nona rodada do Campeonato Gaúcho. Ao todo, quatro profissionais comandaram o clube em clássicos, de forma interina. Os outros foram Raul Puccio, em 1963, e Picoli, em 2011.
Do Ju, atacante faz sucesso na Europa
Adaílton deixou o Juventude ainda guri. Foi para o Guarani-SP em 1997 e logo na sequência se transferiu para o futebol italiano. O atacante construiu toda a sua carreira no futebol europeu e 16 anos depois retornou ao Alfredo Jaconi, já na reta final de sua trajetória como atleta. Em 2022, em sua terceira passagem no clube, veio com a missão de trabalhar como auxiliar nas categorias de base.
Natural de Santiago, Adaílton Martins Bolzan, 46 anos, estreou como profissional do Juventude em 1995. Em 35 jogos pelo clube, o atacante marcou 15 gols. Teve ainda passagem pela seleção brasileira sub-20. A carreira não demorou muito para decolar. Após rápida passagem pelo Guarani (SP), o atacante foi contratado pelo Parma, da Itália. Em 1998, chegou ao Paris Saint Germain e, no ano seguinte, se transferiu para o Hellas Verona, onde permaneceu por sete temporadas.
Na Itália, o atacante defendeu ainda as cores de Genoa e Bologna. Retornou ao Juventude, em 2013, após disputar duas temporadas pelo Vaslui, da Romênia. Em sua volta ao Verdão, o atacante balançou as redes quatro vezes, em dez jogos.
Fora das quatro linhas
Depois de desfilar por gramados do Brasil e da Europa, Adaílton partiu para uma nova fase dentro do futebol. Fora das quatro linhas, Adailton também detém um currículo de peso. O profissional possui os cursos A e B da UEFA, além de estágios com Carlo Ancelotti, no Napoli, e Gian Gasperini, na Atalanta (ITA). Em 2017 e 2018, pelo Virtus Verona (ITA), teve a primeira experiência como auxiliar técnico. O ex-atacante passou pelo Gama, antes de voltar para o Juventude em 2022.
— Estou muito feliz em retornar ao Juventude nesse novo trabalho na área técnica. Espero contribuir com minha experiência, com o que já vivi no clube e também fora dele. Nosso objetivo é colocar o maior número possível de jogadores da base no profissional, com condições de jogar a Série A e ajudar o Juventude a ser o clube formador que sempre foi. Retornar para cá é como voltar para casa. Estou muito feliz — disse na época
Estudioso e observador das mais variadas formações táticas da atualidade, o auxiliar técnico não escondeu o que aprendeu no futebol com Carlo Ancelloti, em palestra realizada para os atletas das categorias de base do Verdão, no ano passado.
— No futebol, o trabalho é feito dentro e fora de campo. Aqui, no Juventude, fizemos profissionais. A única forma de evoluir no futebol é com muito treino, mas não só no dia a dia e no campo, a evolução vem com o preparo, descanso e alimentação saudável. Quando eu cheguei ao Parma, o Ancelotti me perguntou se eu olhava ou assistia o jogo. O profissional do futebol precisa olhar o jogo, entender as funções. A parte mental está implicada na evolução. Competimos o dia inteiro, seja com o companheiro, adversário e, principalmente, com nós mesmos .