A história de Alex Telles no futebol mundial após sair do Juventude, no final de 2012, é conhecida por quem acompanhou a trajetória do lateral-esquerdo caxiense. Depois de passar pelo Grêmio, a carreira do primeiro jogador de Caxias do Sul convocado para uma Copa do Mundo teve como caminhos Galatassaray-TUR, Inter de Milão-ITA, Porto-POR, Manchester United-ING e Sevilla-ESP, tendo experiência nas principais ligas europeias.
Porém, seja em Porto Alegre, Istambul ou no Catar, onde Alex Telles defenderá a Seleção Brasileira a partir da próxima quinta-feira (24), contra a Sérvia, a base do lateral sempre esteve naqueles que o acompanham desde o início em Caxias do Sul. José, Claudete e Hellen são parte da história de Alex. O pai, a mãe e a irmã são peças fundamentais da estrutura que conduziram o jogador ao momento mais importante da sua carreira.
Desde o começo, José Telles teve papel importante na formação de Alex, e na sequência da carreira. No começo, o pai levava o filho para treinar controle de bola e finalizações. O desafio de José era colocar uma camiseta no ângulo e a meta era que o camisa 16 da Seleção Brasileira acertasse o alvo.
Em um dos momentos em que Alex esteve em uma lista de dispensa do Juventude, o pai foi questionar ao coordenador da base na época quais eram os motivos. Os argumentos de José geraram uma nova chance e o caminho dentro de campo foi traçado até chegar ao Mundial.
— Quando o Alex estava começando, eu vi um grande potencial. Sempre procurei trabalhar nele as condições, sabendo e vendo que tinha talento e qualidade para isso, e procurando desenvolver — explicou José Telles.
A família seguiu sendo base para Alex também na hora de deixar o posto de menino da base para se firmar como profissional. Porém, uma grave lesão de ligamento no joelho, durante a Série D de 2011, fez com que o lateral ficasse afastado por oito meses dos gramados. Foi a hora onde a confiança de que o futuro no futebol foi testada para os Telles.
— Foi um momento bem difícil, que assusta. No momento mais concorrido da base, que é a transição para o profissional, existiu uma parada muito grande, de oito meses. Era o medo do tempo parado, da concorrência e de como seria a retomada. Graças a Deus, a volta foi muito bem feita, com a sequência com uma escalada bacana no profissional do Juventude e a ida para o Grêmio — explica a irmã Hellen.
Enquanto o pai foi a inspiração no futebol e a irmã é a parte da organização da vida de Alex, a mãe Claudete é a emoção. Em um álbum, ela guarda todos os momentos carreira do filho, com reportagens desde que ele começou a ganhar destaque na base, passando pelo que foi notícia durante as lesões e chegando nas conquistas.
Em uma imagem que rodou as redes sociais, Alex, ainda na escola, desenhou o desejo de se tornar profissional no Juventude e de chegar na Seleção Brasileira. Para Claudete, passar por todo o processo, mesmo nas fases mais complicadas, fez o merecimento da convocação para o Mundial ser ainda maior:
— A cada momento, a cada lesão e a cada conquista que ele teve todos esses anos, para mim foi muito importante. O desenho que ele fez e eu achei aos seis anos de idade, no material escolar dele, foi uma premunição de que ele estaria aqui e ele chegou. Com toda força e toda a vontade.
OS TELLES NA COPA
A chegada de Alex Telles até a lista final de convocados de Tite foi muito celebrada por toda a família. Na hora da convocação, no dia 7 de novembro, o pai e a mãe estavam em Xangri-Lá, na casa da família no litoral gaúcho, Hellen estava em Portugal e Alex em Sevilla, onde mora com a esposa Vitoria. Eles puderam comemorar juntos quando o treinador da Seleção falou o nome do jogador caxiense.
— Esse é o trabalho de uma família que começou lá de baixo, que estava na expectativa e que hoje foi se concretizar. A família é a base de tudo, não só no futebol, mas em tudo na vida — celebrava naquele dia José.
Para Hellen, o receio de ficar de fora do Mundial não existiu para o irmão. Porém, a certeza de que estaria no Catar também não. E esse é o mérito que ela avalia decisivo para que Alex se dedicasse ainda mais para poder viver esse momento.
— Ele nunca se considerou garantido na Copa do Mundo, até que isso se realizasse de forma concreta. Trocamos o sentimento do receio de não estar na Copa pela ambição de estar lá e trabalhar dia a dia para que isso acontecesse — conta a irmã.
No WhatsApp, a família manteve o grupo "Quem vai para a Copa". Pai, mãe e irmã - além de Vitória, grávida de Antonella, a primeira filha de Alex -, vão para o Catar acompanhar de perto essa história que começou no futsal da Top Sport e que pode ter o ponto alto com a conquista do hexa do Brasil. A união da família que, mesmo que cada um esteja em um país diferente, jamais se largou, será celebrada com todos. Enquanto o lateral chega neste sábado (19) com o restante da delegação brasileira ao país da Copa, o restante dos Telles desembarcam na sede da Copa na terça-feira (22).
— Para nós, é extremamente significativo esse momento. Durante todo esse processo, desde a época do futsal, do Juventude, nós vivemos todo esse crescimento do Alex muito juntos. Nossa rotina de família sempre foi muito voltada para os momentos de treino, de jogos, de viagens. Desde que ele entrou no futebol, vivemos uma rotina muito baseada nele. E graças a Deus, deu muito certo, culminou num reconhecimento fantástico que ele está tendo agora. Aplaudimos isso de pé, ficamos muito orgulhosos e com o sentimento de que toda a disciplina, toda a dedicação e todos esses momentos que passamos, que muitas vezes não foram fáceis, valeram a pena — comemorou Hellen.
Alex pode voltar do Catar com o grande troféu enquanto jogador e com o grande prêmio para o homem, que é o nascimento de Antonella. A futura titia, que sempre esteve ao lado do irmão, sabe o quanto a expectativa da paternidade tem tornado o jogador ainda melhor, dentro e fora de campo.
— A Antonella está vindo aí e se torna o grande centro da vida dele, junto com a Vitoria. Isso amadurece muito ele como pessoa e como profissional, traz motivação para se tornar melhor em todos os sentidos. E quando a Antonella chegar no mundo, encontrar essa pessoa incrível e maravilhosa que já conhecemos há tanto tempo, vai ter orgulho do pai dela ter conquistado esse mérito de estar entre os melhores do mundo em uma Copa — concluiu Hellen.
Os Telles vão para a Copa. Alex em campo, José, Claudete, Hellen e Vitoria na torcida e no suporte. Assim como é desde o começo da carreira do lateral.