Um dos grandes assuntos da semana no futebol brasileiro foi a criação da liga de clubes. Na terça-feira (3), 23 representantes das Séries A e B estiveram reunidos, em São Paulo, para encaminhar a criação da Libra, uma nova liga de futebol no país. Dos 23 participantes, oito assinaram um documento para criação da liga. No entanto, o Juventude está no movimento Forte Futebol que discutiu o assunto, nesta sexta-feira (6), e entende que a divisão de receitas precisa ser mais igualitária. O encontro também teve presidentes de clubes da Série B.
Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Bragantino, Santos, São Paulo, Cruzeiro e a Ponte Preta fazem parte do bloco dos oito clubes que assinaram a criação da Libra. No entanto, um segundo bloco, formado por emergentes, América-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude (integrantes do Movimento Forte Futebol), discutiu os critérios para manter o equilíbrio de forças no futuro. Esses clubes não concordam com a divisão de receitas proposta pela "nova liga".
— Os termos aceitos em São Paulo por outros seis clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo — diz o texto publicado pelo Juventude, em conjunto com outros clubes do Forte Futebol.
A proposta da Libra é que 40% do valor das receitas seja distribuído igualmente, 30% por desempenho na competição e 30% por engajamento. No entanto, o movimento dos clubes, que o Juventude faz parte, pede uma divisão 50/25/25.
Os critérios para definir engajamento (média de público, assinantes no Streaming, seguidores e engajamento nas redes sociais, audiência na TV aberta e tamanho da torcida) também não agradam os clubes do Forte Futebol. Eles não consideram esses critérios objetivos, principalmente a quantidade de seguidores em redes sociais e a interação.
Outra situação da proposta que apresenta discordância é a diferença no desempenho, já que o valor do primeiro lugar tem peso 6 e do último 0,5. A contraproposta é para que a diferença seja de 3,5.
— Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes — diz o comunicado.
Na próxima quinta-feira (12), todos os clubes estarão reunidos na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro.
— O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa — finalizou o texto.
COMUNICADO DO JUVENTUDE E OS CLUBES DO FORTE FUTEBOL
A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.
Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.
Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.
Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.
Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.
A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.
O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.