Neste momento, dois blocos fazem um jogo de força antes da reunião da próxima quinta-feira, na CBF. De um lado, estão Flamengo e os cinco paulistas. De outro, o G-14, formado pelos 10 integrantes do Forte Futebol, mais Atlético-MG, Inter, Botafogo e Fluminense.
A constituição da Libra é necessidade e ninguém discorda disso. Porém, há um receio dos clubes do Forte Futebol de que o quadro vigente até hoje, no futebol brasileiro, se mantenha.
Ou seja, clubes do eixo Rio-SP, donos de maior torcida e com maior poder junto à CBF e federações no modelo atual, sigam ditando os rumos do futebol brasileiro e apontando o caminho nas negociações. Há um temor, explicitado de forma mais contundente pelo presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia, de que as decisões sigam sendo tomadas pelo grupo do eixo, e os demais acabem levados a reboque.
Por isso, no final da noite de terça, o G-14 tenha publicado uma carta com sua posição em relação à Libra. O que esses clubes temem é que, uma vez constituída, eles acabem submetidos às decisões tomadas pelos seis clubes do eixo.
Por isso, exigem que os tópicos apontados como indicativos em um anexo do estatuto, estejam garantidos desde o princípio. Ou seja, que a divisão de valores em 50% de forma igualitária, 25% por engajamento de torcida e 25% por critérios técnicos.
Os seis do eixo sugerem 40%/30%/30%. Outro ponto é que seja mais clara a questão do engajamento de torcida. Além disso, pedem que a diferença de prêmio entre o primeiro colocado e o último seja menor.
Trata-se, portanto, de uma questão de garantia, por receio de, lá dentro da Liga já constituída, acabem sem margem nem saída para verem atendidas suas pretensões. O fato de que qualquer decisão central exija unanimidade nos votos é uma garantia. Porém, os clubes do G-14 querem mais, que essa divisão, principalmente, esteja já apontada no estatuto. A semana será de discussões e muitos telefonemas entre os dirigentes.
Porém, parece claro que todos estão conscientes de que o fortalecimento do futebol brasileiro e dos clubes passa pela criação da Liga. Ou ela sai, ou seguiremos perdidos em um ecossistema no qual cada um se vira à sua maneira para sobreviver e embolsar mais dinheiro.
Os clubes emergentes sabem que, a seguir assim, a vida deles seguirá complicada e com poucas chances de sair do papel de coadjuvante. Aqui, um registro que é preciso fazer: nenhuma liga nasceu sem essas discussões e várias diferenças entre os clubes.
Nem mesmo a Premier League, que no ano retrasado, se viu ema grande discussão entre os Big six e os 14 restantes. Por ironia, a mesma divisão que há aqui neste momento.