Realizada dentro de velódromos construídos especialmente para os Jogos, o ciclismo de velocidade das Surdolimpíadas ocorre na avenida principal do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha. Na fase classificatória os 40 atletas, sendo 32 homens e 8 mulheres, largaram em frente ao santuário, realizaram uma volta de mil metros e tiveram seus tempos dos 200 metros finais cronometrados. A forma de largada é chamada de Sprint Lançado, quando o atleta chega à velocidade máxima em andamento e não a partir da inércia.
De acordo com o técnico do ciclismo da seleção de Portugal, José Marques, a prova geralmente é realizada em um circuito fechado de um quilômetro, sendo que o tempo válido para a competição é aferido na última reta. Ex-atleta profissional, Marques está em sua 4ª Surdolimpíadas e não viu problema na adaptação realizada em Caxias do Sul e comemorou a realização dos Jogos pela primeira vez na América Latina.
— Não são deficientes, são pessoas com perda auditiva, seres humanos que devem ser respeitados através de competições que dão dignidade a eles — afirmou Marques.
Para as finais, os melhores tempos disputam por meio de uma corrida com os piores tempos ranqueados na classificatória. No caso das mulheres, todas estão classificadas para as quartas de final que começou às 11h. No masculino, foram 24 classificados que irão realizar as finais. Os medalhistas devem ser conhecidos no começo da tarde desta segunda-feira.
A primeira competição das Surdolimpíadas realizada em Farroupilha agita a comunidade que vê a sua rotina ser alterada. Instalada próximo ao santuário, uma escola municipal trouxe os alunos para acompanharem as disputas do ciclismo que movimentam 15 países nessa manhã. No masculino, o Brasil é representado por quatro atletas e no feminino, duas brasileiras tentam seu lugar no pódio.
Na calçada, torcendo para o Brasil, Gabriela Maggioni, 14 anos. assistia a prova ao lado de um atleta da Ucrânia e se impressionava com a vinda de estrangeiros para a localidade onde mora:
— É a primeira vez que vejo tanta gente de fora do país junta, é uma coisa nova muito legal.
Seu colega, Nicolas Bellaver, 14 fez coro ao entusiasmo dos colegas, —não é um coisa que acontece toda hora, muito legal que dá incentivo às pessoas a praticarem esportes, independente da sua condição — comentou.