O Congresso Técnico realizado no dia 14 de abril, pela Federação Gaúcha de Futebol, em Porto Alegre, definiu o calendário, clubes participantes e os grupos da Terceirona Gaúcha 2022. Dentre as equipes que disputarão uma vaga na Divisão de Acesso 2023, o Garibaldi será comandado por uma figura conhecida no futebol gaúcho e, principalmente, pelo torcedor colorado.
Chiquinho foi revelado nas categorias de base do Inter e logo ascendeu ao elenco profissional. Na década passada, o ex-lateral e meia fez parte da construção do time que foi campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, no ano de 2006.
Tratado como uma promessa colorada, Chiquinho vivenciou um drama logo no início de sua carreira. Em 2004, quando tinha 19 anos, ele foi diagnosticado com uma vasculite, um problema raro. A situação fez com que o jogador tivesse que interromper a sua carreira. Na época, Chiquinho havia sido recém convocado para a Seleção Brasileira sub-20.
— Isso já ficou para trás. Eu me sinto abençoado por Deus. Eu tive um problema com 19 anos, um problema raríssimo. Então, ali, eu fui diagnosticado com uma doença que eu não voltaria a jogar futebol, mas Deus me deu a oportunidade de voltar e jogar até os 33 anos. Então, me sinto muito realizado com o futebol, com tudo que eu conquistei, com os clubes onde eu joguei, as pessoas que eu conheci — comentou Chiquinho, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
O RETORNO AO FUTEBOL
Após sua aposentadoria em 2016, aos 33 anos, Chiquinho ficou um ano distante do futebol. Depois disso, começou a sua preparação acadêmica para se tornar técnico.
— É um sentimento meio estranho quando a gente para de jogar. A gente quer um pouco de distância do futebol porque, às vezes, não se para do jeito que imagina que ia parar. Depois de um ano, eu voltei a estudar, entrei para a faculdade e comecei um projeto com uma categoria sub-20, de preparar atletas para fazer avaliações em clubes, e montei uma equipe para fazer jogos amistosos, alguns campeonatos. Ali eu me encontrei e comecei a estudar mais ainda, a tirar as licenças da CBF e fazer outros tipos de cursos também relacionados ao futebol. E aí, eu comecei a me capacitar e realmente me preparar para ingressar em um clube e iniciar um trabalho — relatou.
E a oportunidade desejada foi sendo construída em 2020, quando Chiquinho conheceu o Rógerio Loss, presidente do Garibaldi, e Pedro Oliveira, um dos investidores do clube. Desde então, as partes mantiveram contato até que, em março de 2022, a ocasião apareceu e ele foi confirmado como treinador da equipe da Serra para a disputa da Terceirona Gaúcha e da Copa FGF, no mês de agosto.
PRIMEIRA OPORTUNIDADE
Confirmado pelo Garibaldi, Chiquinho terá no clube da Serra o primeiro desafio como treinador em sua nova etapa no futebol. O técnico se mostra confiante e sua expectativa para a temporada é bastante positiva, a partir do que lhe foi apresentado.
— Eu estou extremamente motivado. Me sinto muito capacitado para começar esse trabalho. Já estou conhecendo todo o contexto do clube e estou muito feliz com o que eu estou vendo do Garibaldi. Acredito que estou em um lugar muito bom para um começo e espero fazer um grande campeonato, entregar o meu melhor, como eu sempre entreguei quando eu era atleta. E agora é erguer as mangas. Não vejo outra forma de as coisas acontecerem se não for com muito trabalho, sacrifício, com muita entrega, com muito estudo — projeta Chiquinho.
REFERÊNCIAS
Ao longo de sua carreira como jogador, Chiquinho conviveu com grandes treinadores do futebol brasileiro. Com eles, o novo técnico busca aplicar no Garibaldi um pouco do conhecimento técnico, tático e de relacionamento adquirido com cada um destes profissionais.
— Eu tive a oportunidade de trabalhar com muitos técnicos que ainda são referências dentro do futebol gaúcho, brasileiro e mundial. Eu trabalhei com o Muricy, um técnico que eu trago muita referência na questão motivacional, de trabalho de dia-a-dia. É um treinador que sempre soube cobrar o melhor e tirar o melhor dos jogadores. No trato de vestiário, eu trago muito o Tite, com quem tive a oportunidade de trabalhar no Palmeiras. A parte humana, de relação com os atletas no vestiário, é sensacional — disse Chiquinho, que complementa:
— Trabalhei com o Abel Braga e com o Mano Menezes também. Então, um pouquinho de cada um a gente acaba trazendo. Mas é lógico que eu tenho a minha essência, tenho a minha forma de trabalhar, meu jeito de lidar.
PLANEJAMENTO
Para a disputa da Terceirona Gaúcha 2022, Chiquinho, em sintonia com a direção do Garibaldi, planeja montar um elenco que mistura juventude e experiência. O técnico pretende utilizar alguns jogadores da base do clube e contratar atletas com maior bagagem no futebol.
— Eu estive observando os meninos do sub-20. O Garibaldi quer ter uma equipe bem nova nessa Terceirona, bem mesclada, com alguns atletas experientes também. Então, eu estou olhando bastante essa meninada. Gostei muito do que eu vi. Têm atletas bem interessantes, bem promissores. A gente vai, depois, para uma montagem trazendo jogadores experientes, que têm um pouco mais de rodagem, para a gente conseguir fazer uma mescla legal. É um campeonato difícil, onde a gente precisa ter esses jogadores que vão trazer um pouco mais de tranquilidade para os atletas mais novos — analisa o treinador.
ESTILO DE JOGO
Com base no que foi em grande parte da sua carreira, principalmente no Inter, Chiquinho pretende implementar em sua equipe um modelo de jogo propositivo.
— Eu gosto, talvez pela característica minha como atleta, de um jogo jogado. Um jogo bonito, com compreensão. Meus atletas têm que saber por que eles estão jogando dessa forma. Existem quatro perguntas que os atletas e a equipe, num coletivo, precisam saber, que é quando, onde, por que e como fazer. Então, eu acho que o maior desafio de ter um modelo de jogo é responder essas quatro perguntas, de acordo com o perfil de atletas que eu vou ter para trabalhar — expôs o comandante.
APOIO DA TORCIDA
Como de costume, o Garibaldi irá mandar seus jogos no estádio Alcides Santarosa. Além do desafio de levar o clube à Divisão de Acesso do ano que vem, Chiquinho terá, em mãos, a missão de trazer o torcedor de volta à arquibancada, já o time profissional ficou inoperante nas últimas temporadas.
— O Garibaldi ficou alguns anos desativado e voltou no ano passado. Então, a gente quer ver se conseguimos resgatar esse sentimento do torcedor de Garibaldi, porque lá, ele vai ser o nosso 12º jogador.
DETERMINAÇÃO NA NOVA ETAPA
Após encerrar o capítulo de jogador, Chiquinho quer começar uma nova história dentro da sua trajetória no futebol. Para este novo desafio, ele leva, como motivação, o apoio de amigos e familiares.
— Agora eu começo uma nova história. Assim como foi quando jogador, como treinador não vai ser fácil. A minha carreira foi assim, foi conquistada na base da superação, de muita luta, com o apoio da minha família, de amigos, e eu creio que, como treinador, não vai fugir muito disso. A vida é cheia de dificuldades e a gente tem que estar se superando a cada dia. Mas eu sou muito feliz com a carreira que eu tive, e agora é focar nesse início, nesse novo desafio, para que a gente possa entregar o melhor — finalizou.