Com a missão de tirar a equipe da zona do rebaixamento, Jair Ventura assumiu o Juventude na metade de outubro e conseguiu potencializar características ofensivas da equipe, algo que ainda estava abaixo do esperado na competição. O resultado foi imediato. Embora não tenha balançado as redes nas primeiras duas partidas - empates em 0 a 0 com Ceará e Bahia, foi notável o crescimento no volume de ataques e finalizações. Além da criação, a efetividade foi encontrada nas vitórias contra Inter, Chapecoense e Fluminense, embalando o time para permanecer na Série A na próxima temporada.
Em suas entrevistas coletivas, Ventura costuma se definir como um "técnico mutável". E isso foi possível ser observado na prática. Nos sete jogos em que conduziu o Ju no Brasileirão, ele utilizou três formações táticas iniciais (4-3-3, 4-4-2 e 5-4-1), além de alternativas conforme os momentos dos jogos, conseguindo potencializar as melhores características de seus principais jogadores, como Guilherme Castilho, Wescley e Sorriso.
Organização ofensiva
O sistema que Jair Ventura melhor encaixou no Juventude e foi utilizado nas vitórias sobre Inter, Chapecoense e Fluminense, além do empate com o Atlético Goianiense, foi o 4-4-2 com um quadrado no meio-campo. Essa formação foi muito utilizada no país durante os anos 1990 e proporcionou a ascensão de laterais, meias-armadores e, principalmente, das duplas de ataque, eternizadas na memória de muitos torcedores. Entretanto, em busca de uma melhor compactação defensiva, o esquema deixou de ser utilizado por boa parte das equipes a partir do século XXI.
Para utilizar dois volantes e dois meias, proporcionando que Castilho e Wescley se sintam mais confortáveis, o Verdão tem alguns ajustes para o funcionamento do sistema. Desse modo, apenas o lateral-direito Michel Macedo tem liberdade total de apoio, enquanto William Matheus é mais cauteloso. Pelo outro lado, o ponta Sorriso fica responsável por abrir o campo e realizar as jogadas de profundidade. Um dos volantes (Dawhan ou Jadson), posicionam-se como opção de passe para a saída de bola curta com os zagueiros, e o recuo para a saída de três ocorreu apenas no primeiro tempo contra o Atlético-GO, mas logo foi abolido.
Organização defensiva
É verdade que os últimos jogos mostram um Juventude mais ofensivo. Além das vitórias que tiraram a equipe da zona do rebaixamento e alimentam o sonho de permanecer na Série A em 2022, isso foi possível de ser realizado tendo também um equilíbrio defensivo. São apenas quatro gols sofridos nos últimos sete jogos - sendo contra três adversários diferentes. E nesse ponto é notável a adequação do esquema 4-4-2 a realidade do futebol atual. Se antigamente os volantes eram quem faziam as coberturas dos laterais, a organização defensiva do Ju tem um volante (Jadson) na ponta direita, um meia (Castilho) recuando junto ao outro volante e um atacante (Sorriso) fechando a ponta esquerda, permitindo que o outro meia se aproxime do centroavante e se desgaste menos na marcação.
Alternativas
Além da consolidação do 4-4-2, o Juventude também apresentou outras formações em momentos específicos. Nos primeiros jogos de Jair Ventura, diante de Ceará e Bahia, a equipe atuou no 4-3-3, Capixaba e Sorriso pelas pontas do ataque e Ricardo Bueno centralizado - sem utilizar um meia-armador (Wescley ou Wagner). A proposta também foi utilizada no segundo tempo de vários jogos, com a ideia de ter maior sustentação defensiva e capacidade de contra-ataque pelos lados do campo.
Especificamente para enfrentar o quase campeão Atlético-MG, no Mineirão, o Ju de Jair Ventura atuou pela primeira vez com uma linha de cinco defensores. Dawhan, normalmente volante, atuou entre Quintero e Rafael Forster tanto quando a equipe tinha a bola como quando não tinha. Embora tenha feito o polêmico pênalti sobre Diego Costa, o ex-Ponte Preta foi eleito o melhor jogador alviverde em campo cumprindo a função de cortes e coberturas.