O Juventude se prepara para o retorno à elite do futebol brasileiro, que ocorre no próximo sábado (29), quando o time encara o Cuiabá, fora de casa, pela primeira rodada da Série A, após 14 anos. Nos 13 anos em que o time ficou no Brasileirão, entre 1995 e 2007, vários nomes marcaram época. Mas o técnico Ivo Wortmann representa muito do que foi o período alviverde entre os principais clubes do país.
Foram quatro passagens pelo time neste período, com duas delas comandando a equipe no Brasileirão e outras duas na Série B. Campanhas marcantes, como a de 2004, e momentos que ficaram na memória da Papada. Aos 72 anos e afastado do futebol, Ivo tem recordações de um período que o Juventude pretende repetir a partir deste fim de semana.
— Durante esse período, tivemos uma qualidade de jogador muito boa. Passaram jogadores de muita qualidade no Juventude e nos fez ter a capacidade de realmente montar uma equipe qualificada. Por isso, o Juventude naquela época enfrentava qualquer time da Série A, em quais condições — recordou Ivo, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
No melhor momento no clube, em 2004, Ivo teve um sistema defensivo que chamou a atenção do país. O trio de zagueiros era formado por Índio, que dois anos depois viria a ser campeão da Libertadores e do Mundial com o Inter, Thiago Silva, titular da Seleção Brasileira por mais de uma década, e Naldo, de carreira consolidada no futebol alemão.
A utilização dos três juntos, porém, foi uma necessidade que se sobrepôs até mesmo ao que pensava o treinador.
— Encaixaram um com o outro. Os três sabiam jogar. Eu tive que colocar um 3-5-2 lá, porque eu não poderia deixar um jogador com essa qualidade fora. Até porque quando a gente tinha a posse da bola, eles saíam com muita qualidade — afirma o ex-treinador alviverde, recordando uma previsão que fez sobre um de seus zagueiros:
— Nós ganhamos do Botafogo lá em Niterói. E o Botafogo tinha um time muito bom. Depois do jogo, veio um um jornalista lá do SporTV e perguntou assim para mim: "pô, da onde é que vocês tiraram esses jogadores aí, Thiago Silva, Naldo?" Eu disse que vieram lá do RS (extinto clube de Alvorada), e ele perguntou "o que tu acha deles?". Eu disse, "olha, o que eu acho é que eles têm qualidade até pra chegar numa Seleção Brasileira, não tenho bola de cristal para adivinhar". Mas eu tinha certeza, pela qualidade desse jogador.
Pela competitividade do mercado de atletas e os valores que já eram aplicados naquela época, o Juventude sempre precisou ser criativo para buscar reforços. Ao final das temporadas, muitos jogadores eram assediados por outras equipes e acabavam saindo.
Até por isso, Ivo recorda de atletas marcantes que se doaram ao máximo no clube em momentos importantes:
— Tinha muita qualidade. De um ano pra outro, começaram os clubes a se interessar pelos nossos jogadores. Num ano, era um time, depois era outro. Tinha Zé Carlos, Enílton, Da Silva, Lopes, e aí vai. Eu nunca me esqueço uma vez, nós estavamos perdendo de 2 a 0 para o Grêmio e viramos para 4 a 2. Essa eu nunca me esqueço. Naquele jogo, por sinal, Da Silva fez horrores. Fez aquele pênalti de cavadinha, acho que foi a primeira vez que vi um jogador bater assim. São tantos jogadores que nos deram tanta alegria e tanto prazer de poder trabalhar com eles.
Confiança na permanência
Como tradicionalmente acontece, os times que sobem da Série B para a elite são sempre cotados para o rebaixamento na temporada seguinte. A primeira missão do Juventude é se manter para o Brasileirão 2022. O ex-técnico alviverde acredita que esse objetivo será concluído pelo clube:
— O Juventude está muito bem estruturado, está com uma equipe muito boa, um treinador muito bom e uma direção que vai dar todo o apoio. Eu tenho certeza que o Juventude não volta para a série B.