Além da manutenção da espinha dorsal do time que conquistou o acesso à Série A na última temporada, o Juventude não deve ter mudanças significativas em seu modelo de atuar. Embora o técnico Pintado tenha deixado o comando da equipe alviverde para treinar a Ferroviária, Marquinhos Santos herda um trabalho consolidado e pretende dar continuidade.
Em entrevista ao Show dos Esportes, na Rádio Gaúcha Serra, o técnico do Verdão comentou sobre seus planos táticos para temporada 2021:
— Eu acredito que o que está sendo bem feito, e dá resultado, não deve ser mexido. Então não vão ter muitas alterações. Conversei com o Pintado na semana passada e ele relatou que aproveitou muitos dos meus conceitos táticos, da minha maneira de jogar, e foi aos poucos foi implementando o dele. Então não se perdeu a ideia, apenas uma coisa ou outra, que é peculiaridade de cada treinador. Mas eu creio que eu deva dar uma continuidade ao trabalho e espero ver a equipe evoluir — disse Marquinhos Santos.
Durante a primeira passagem de Marquinhos no comando do Juventude, a equipe tinha como padrão o posicionamento no 4-3-3, mesmo esquema utilizado por Pintado na maioria dos jogos em 2020, assim como ambas as equipes iniciavam seus ataques a partir de uma saída de bola com três jogadores, quando o primeiro volante se aproxima da dupla de zagueiros e os laterais avançam, e procuravam um jogo vertical. No entanto, também podemos destacar alguns pontos diferentes dentro do modelo de jogo, especialmente a rigidez no cumprimento dos movimentos, buscando envolver o adversário.
Durante a organização ofensiva, após a saída de bola, os laterais de Marquinhos Santos (Vidal e Eltinho) faziam um movimento em diagonal buscando o centro do campo, se aproximando dos demais meio-campistas. Enquanto isso, os pontas (John Lennon e Dalberto) se posicionavam bem abertos, próximos à linha lateral, para esperar a chegada da bola e alargar o espaço de jogo. O meia (Cajá, Denner ou Rafael Bastos) era o único jogador com liberdade além do sistema.
Já com Pintado, após a saída de bola, a forma do Juventude atacar era diferente. O lateral-direito Igor tinha todo o corredor direito disponível para fazer jogadas em linha de fundo, enquanto o ponta-direita (Capixaba ou Wagner) buscava o jogo mais por dentro, valorizando a perna esquerda. Do outro lado, o lateral-esquerdo Eltinho e o ponta (Breno, Dalberto, Rogério ou Matheuzinho) se alternavam entre linha de fundo e posicionamento mais central. Renato Cajá e o centroavante (Breno, Dalberto ou Grampola) também eram livres para alternar posicionamentos em busca de melhores jogadas. Por isso, muitos vezes o Verdão definiu os jogos em jogadas individuais.
Os comportamentos em transição defensiva (imediatamente quando equipe perde a posse da bola) ou em organização defensiva (quando o adversário tenta propor seu jogo) das equipes de Marquinhos Santos e Pintado são similares. Em ambos os casos, houve alternância entre pressão alta e média, e marcação individual ou por zona, dependendo das circunstâncias que foram enfrentadas ao longo das temporadas 2019 e 2020.
DIFERENCIAL
Um ponto que pode ser diferencial para Marquinhos Santos conseguir formar um Juventude com desempenho no Campeonato Gaúcho melhor em relação ao último ano é a condição física dos reforços. Todos os jogadores anunciados - ou os que estão por chegar - estavam disputando o Campeonato Brasileiro Série B até o final do mês de janeiro.
— Isso é um fator que ajuda demais, diferente do ano passado. Chegaram muitos atletas destreinados, sem ritmo. Agora chegam em condição melhor, com uma base mantida. Ano passado tivemos muitas dificuldades, principalmente no setor ofensivo. Belusso se machucou, Cajá também. O Dalberto já estava fora. Então comprometeu o inicio. Agora estamos felizes com a permanência de vários jogadores do elenco para dar uma continuidade de equipe. Acredito que vamos formar um grupo forte e qualificado para disputar o Gaúcho, mas também a Copa do Brasil e Brasileiro — afirmou o técnico alviverde.