O Juventude sempre teve grandes goleiros na sua história. Um deles é o caxiense Márcio Angonese, que surgiu na base do clube e foi da equipe profissional na década de 1990 e nos anos 2000. Atualmente, ele trabalha como preparador de goleiros do clube. Seja como atleta ou na comissão técnica, o ex-goleiro é um vencedor e tem enorme colaboração no histórico de conquistas do clube.
Como jogador, fez parte do elenco que em 1994 foi campeão da Série B e conquistou o acesso para a Primeira Divisão nacional. Agora, como preparador de goleiros, ele ajudou o Juventude no retorno à elite do futebol brasileiro.
— Tive acesso como jogador e agora como preparador de goleiros também. Isso é bom e mostra que o clube está buscando sempre algo melhor. Agora sim nós conseguimos dar um grande passo, voltar o clube onde foi sua maior história disputando a Série A. Vamos fazer força para ficar neste patamar e trabalho não vai faltar — lembra Márcio.
Em 1994, a Série B tinha 24 participantes divididos em quatro grupos de seis times. As equipes se enfrentam em turno e returno, e se classificavam para a segunda fase os quatro melhores colocados de cada grupo. Ao contrário de agora, a competição, portanto, não era de pontos corridos. Na época, o Ju fez 20 jogos. Quase a metade na comparação com a campanha deste ano.
Além disso, em 1994, o elenco tinha muito mais jogadores oriundos das categorias de base, como os goleiros Isoton, Márcio Angonese e Humberto, os laterais Itaqui, Edson Kaspary e Ericson, os zagueiros Paulo Marcelo e Baggio, o volante Lauro e o atacante Jardel.
— Sempre se compara, mas as duas tiveram suas dificuldades. Em 1994, a fórmula era diferente e o Juventude recém tinha subido de uma Série C e conseguiu o acesso no primeiro ano que disputou. Aquele grupo foi formado com um pessoal jovem, que mesclou com quem chegou da Parmalat, mas tinha muito jogador da casa que começou a carreira naquele ano. Esse ano foi um grupo mais experiente e se usou menos atletas da base, mas era um campeonato especial pela pandemia, desgaste. A condição física fez um diferença grande — comparou Márcio.
Mesmo que seja preparador de goleiros, em diversas oportunidades Angonese foi técnico interino do Juventude nos últimos anos. Nesta campanha do acesso à Série A, ele ficou à beira do gramado em um jogo. Na partida contra o Cuiabá, pela 14ª rodada, empate em 1 a 1, no Estádio Alfredo Jaconi, o técnico Pintado estava suspenso pelo terceiro cartão amarelo e o auxiliar Dino Camargo tinha sido expulso. Coube a Márcio ser o técnico na casamata.
— Isso é quando aperta, uma necessidade momentânea. O clube sabe que não tenho essa ambição de seguir nesta função. É mais para ajudar o clube, na verdade — comentou.
Os acessos para a Série A em 1994 e agora não são os únicos de Márcio Angonese pelo Juventude. Em 2016, o Verdão subiu para a Série B em Fortaleza e em 2019, passou pelo Imperatriz para retornar à Segunda Divisão. Em ambos, ele já ocupava o cargo de preparador de goleiros.
—É difícil comparar, porque cada campeonato tem sua dificuldade. Esse campeonato da Série B foi muito longo, 38 rodadas, testa muito o grupo. Quando achava que vai conseguir três ou quatro vitórias e pular não acontece. Se testa a todo momento. É um campeonato mais desgastante. Em 2016, foi muito bom pelo final. Conseguimos subir contra o Fortaleza, mas a Série B foi mais desgastante e difícil.
Marcelo Carné e outros goleiros
É inegável que um dos destaques do Juventude nas duas últimas temporadas e nos dois acessos consecutivos é o goleiro Marcelo Carné. Ele chegou no clube no final do ano de 2018 e se firmou como titular nas campanhas da Série C 2019 e na Série B 2020, além das duas ótimas participações na Copa do Brasil.
— O Marcelo, na chegada na final de 2018, era um desconhecido para o futebol do Sul. A gente conseguiu informações dele no Rio e nos lugares que ele jogou. Tinha um potencial enorme, mas teria que ser canalizado para melhorar vários aspectos, como físico, concentração, saber o que quer da vida. Ele queria uma oportunidade, baixou a cabeça e trabalhou. Evoluiu em todos os aspectos e hoje é um líder — afirmou Márcio Angonese.
O preparador foi o responsável pela indicação de Carné para a direção do Juventude. Em 2016, Carné ficou sem clube e chegou a trabalhar como motorista de aplicativo por seis meses. Esse fato rendeu até chacotas na época da sua contratação pelo Ju. No entanto, o goleiro ouviu calado, trabalhou e mostrou seu potencial. Na campanha do acesso à Série A, Carné participou de 32 dos 38 jogos e ficou 11 partidas sem sofrer gols.
— A indicação do Carné foi minha. O clube precisava de um goleiro para iniciar 2019. Eu tinha o nome do Marcelo e acompanhava há algum tempo. Era o momento, até pelo aspecto financeiro, porque teríamos que apostar num goleiro já com maturidade e que queria uma chance na vida. A direção e o Luiz Carlos Winck, na época, compraram a ideia. É muito fácil criticar quando não se conhece a pessoa, agora é o momento de elogiar. Ele fez dois anos muito bons. Agora na Série A é o momento dele desfrutar e trabalhar mais para se manter num patamar bom — revelou Angonese.
Além de Carné, neste período como preparador de goleiros, Márcio trabalhou com grandes nomes da função: Matheus Cavichioli, Airton, Elias, Fernando Miguel. Goleiros que hoje estão na Série A do Brasileirão e trabalharam com ele.
— O gratificante, para mim, é ajudar os goleiros que passam por aqui de alguma maneira. Vários passaram por aqui. Desde que comecei a trabalhar no profissional tinha o Follmann, Jonatan, Fernando Miguel, que hoje está no Vasco, Airton, Elias, Diego que depois voltou para Portgal, agora o Marcelo. Estamos trabalhando o William, que é um goleiro da casa e tem um potencial muito grande. Logo vai chegar a vez dele de jogar — finalizou.