Uma conversa de 15 minutos que pode abrir portas e gerar negócios. Parte tradicional da programação da Mercopar é o Projeto Comprador. Na 31ª edição, não poderia ser diferente. A feira, que se iniciou nesta terça-feira (18), em Caxias do Sul, prevê aproximar quase 800 fornecedores brasileiros de 167 grandes empresas compradoras, em rodadas de negócios que são realizadas diariamente na programação do evento, que segue até sexta-feira (21), no Centro de Feiras e Eventos da Festa da Uva.
— O objetivo é aproximar a grande empresa do pequeno negócio. Essa é a dor que resolve. Aproximar a demanda com o fornecedor — explica o coordenador geral das rodadas de negócios e representante do Sebrae, Jakson da Luz.
Realizada desde 1991, a iniciativa, promovida pelo Sebrae, cresce a cada edição. Em 2022, são seis grandes rodadas durante a Mercopar. Cada rodada tem quatro horas, divididas em encontros de 15 minutos, o que permite, assim, que os compradores conversem com, pelo menos, 16 fornecedores por cada grande rodada.
O funcionamento
A iniciativa começa antes da Mercopar. O Projeto Comprador começa com a pequena ou média empresa se inscrevendo, ao mesmo tempo que o Sebrae prospecta as grandes empresas, que são as compradoras.
Após a definição das empresas participantes, os fornecedores podem olhar a relação dos compradores, com informações de demanda e exigências. Logo depois, os fornecedores se candidatam para terem a reunião com as compradoras escolhidas.
Na terceira etapa, a empresa compradora valida quais encontros quer ter. Ela pode ver todos os fornecedores que se candidataram e escolher aqueles que julgam se encaixar mais no perfil buscado.
— A reunião acaba sendo mais efetiva, porque tem o interesse do pequeno e a validação do grande — destaca Luz.
Contato promissor
A aproximação pode gerar negócios após a Mercopar. Como conta o fornecedor Milton Muller, 60, dono de uma empresa especializada em equipamentos de medição, o Projeto Comprador é uma ótima oportunidade de começar uma boa relação com compradores. O empresário de São Leopoldo participa há 15 anos da iniciativa, que sempre gerou bons frutos a ele.
Nesta edição, a expectativa de novos negócios é alta. Muller vê o mercado aquecido, após visitas em empresas, e nota que existe uma demanda represada para ser explorada.
— É uma ação positiva, que agiliza bastante. Na maneira tradicional, o que tu tem que fazer: agendar uma visita com a empresa e tentar contato. Aqui tu já vai filtrado. Geralmente é um contato inicial em que a empresa compradora traz as demandas. O segundo passo é a solicitação de propostas, e o terceiro, a concretização de negócios. Dificilmente sai negócio fechado daqui. É um namoro — explica o empresário.
As grandes rodadas são divididas por setores. No setor metalmecânico, 80 empresas compradoras se aproximam de 370 fornecedores. Enquanto isso, para a indústria em geral, nos setores moveleiro, têxtil, de alimentos e construção civil, 75 grandes compradores conhecem 310 fornecedores. A Mercopar também realiza rodadas com representantes internacionais - são 12 empresas de países como México, Guatemala, Costa Rica, Colômbia, Equador e República Dominicana. Com este último grupo, 100 fornecedores terão a chance de apresentar os seus serviços.
Para o comprador, a feira facilita a prospecção. Uma multinacional de ferramentas, por exemplo, trouxe duas colaboradoras. Nesta terça, na primeira rodada, as duas estavam com as agendas lotadas, com 16 reuniões marcadas para cada uma.
— Por enquanto, é prospecção de mercado. Buscar algumas para projetos internos e ver como é o fornecedor, ver o que ele pode nos oferecer — relata a analista de compras Débora Moehlecke.
Além do filtro criado, a dinâmica desses encontros traz diálogos objetivos. Os 15 minutos são bem trabalhados e até mesmo exigem preparação para conquistar os compradores. É uma conversa rápida, se considerar como seria a negociação em outro ambiente.
— Nos preparamos para o escopo da empresa. Nós nos apresentamos e eles nos dizem a demanda que têm — descreve Sabrina Ongaratto, administradora de uma empresa metalúrgica, de São Leopoldo.
No caso de Sabrina, que tem 10 reuniões na Mercopar, os encontros servem para aprofundar contatos prévios. Assim, o projeto também serve para consolidar conexões.
— Tive contato com um futuro cliente e antes ele não tinha detalhado o que precisava. Hoje, ele conseguiu mostrar para nós, através de um desenho. Então, deixamos certo que fazemos e que podemos orçar. Possivelmente, teremos um novo contato do cliente para cotação — celebra Sabrina.
Inovações em 2022
Em 2022, o projeto contou com uma inovação. Entre julho e setembro, o Projeto Comprador foi realizado de maneira virtual. Com 516 negociações, 68 empresas nacionais já se conectaram com 407 fornecedores.
— Foi muito legal. Há dois anos, por conta da pandemia, fazíamos uma versão presencial e uma virtual. Nós entendemos que poderíamos adiantar a virtual, para fazer prospecções antes, e também poder dar atenção a cada evento. Desde julho, fizemos edições virtuais, antes da Mercopar — conta Luz.
Foram cinco rodadas antes do evento, tendo até negociações em setores inéditos para o projeto, como o segmento da defesa. Além do encontro virtual, a Mercopar também traz, nesta edição, a Rodada Reversa, que tem o mesmo objetivo de aproximar compradores e fornecedores, mas em formato um pouco diferente e com tempo maior.
— É uma batida mais técnica, de poder apresentar os desenhos dos produtos e as empresas poderem sentar e discutir um pouco mais as possibilidades. Com um tempo maior, indo mais a fundo, mas também com triagem das empresas participantes — completa o coordenador geral.
O Projeto Comprador, em 2021, teve um crescimento de 55% de compradores com relação a 2020, com 174 empresas neste grupo. A feira gerou R$ 80,9 milhões em negócios.